Nos dias 13 e 14 de novembro a comunidade de Riacho das Almas (PE) conhecerá dados sobre o trabalho infantil no município. O diagnóstico participativo é a primeira ação do Prote-Já:combatendo o trabalho infantil na indústria da moda, projeto realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceria com Fundo Brasil de Direitos Humanos e Instituto C&A. O encontro acontece no auditório da Secretaria Municipal da Educação.
Foram escutados 65 atores sociais locais de diferentes segmentos: representantes do poder público e da sociedade civil, que por meio dos seus depoimentos apresentaram dados do contexto em que o trabalho infantil está inserido. Realizada entre junho e agosto de 2019, a Avante coletou as principais informações sobre o trabalho infantil do município e reunião em um documento que se torna uma ferramenta na luta no enfrentamento à exploração infantil. Para Judite Dultra, consultora associada da Avante, o evento é uma oportunidade de reflexão sobre o problema. “Reflexão e debate sobre o trabalho infantil e suas consequências para as crianças e para o município”, afirma.
De modo geral, os entrevistados reconheceram a existência do trabalho infantil, principalmente nos fabricos e facções, onde ocorre a confecção de peças na produção de jeans. Situado na região do agreste pernambucano, a cidade tem grande produção de pólo têxtil no Nordeste. Os entrevistados identificaram a presença de crianças e adolescentes trabalhando também na feira livre, onde são encontrados fazendo frete de mercadorias ou trabalhando em bancas. Outro foco do problema foi identificado no trabalho com artesanato de cipó, em Vitorino.
Os depoimentos elucidam a complexidade e todo o contexto da situação na cidade, principalmente por serem recolhidos na zona rural, onde se encontra a base da problemática social. O documento, além de explicar o cenário de Riacho das Almas, informa sobre todo o processo histórico no país, em conexão ao contexto sócio- econômico da cidade, sua demografia, educação e as consequências dessas vivências por parte da população.
Ações e planejamentos também são incentivados, em busca da superação desse transtorno. Mesmo que haja compreensão de que a vulnerabilidade social e a situação econômica fazem da atividade têxtil uma alternativa de renda e sobrevivência para a cidade, tenta demonstrar que há a possibilidade de construir uma experiência mais amena e cuidadosa, sem que estejam crianças e adolescentes inseridas em condições de trabalho insalubres.
PROTE-JÁ
Além do diagnóstico participativo do Trabalho Infantil, o Projeto realiza também irá desenvolver formação em rede/articulada com diferentes atores públicos e da sociedade Civil, com vistas fortalecimento e articulação das instituições integrantes do Sistema de Garantia de Direitos (SGD) da Criança e do Adolescente, para uma atuação mais efetiva na prevenção e combate ao problema no município.