A publicação: Educação Infantil e práticas promotoras de igualdade segue a linha de pensamento mais moderna no que se refere às mudanças necessárias para a formação de uma sociedade mais humana e justa. Ou seja, tais mudanças podem e devem ser trabalhadas na infância dos futuros cidadãos, ao passo que os adultos promovem, em si, o acolhimento às novas e diferentes percepções do mundo a sua volta. A mudança abordada pela publicação tem como alvo um dos mais sérios problemas enfrentados pela sociedade global e que atinge sobremaneira o Brasil: o racismo.
A gênese do projeto que construiu a publicação (composta também por quatro vídeos compilados em DVD) se dá com a constatação da existência de uma crença equivocada de que não existem conflitos raciais entre crianças e que os educadores, em sua prática diária, estão isentos de ações influenciadas pela cor da pele ou outras características que compõem o fenótipo de seus alunos. A publicação demonstra que estudos de mestrado e de doutorado apontam tensões nas relações raciais na faixa de 0 a 6 anos, envolvendo crianças, professores, profissionais de educação e famílias.
“Como construir uma história de respeito e valorização de todos os tipos físicos após tantos anos de discriminação racial?”, essa é a pergunta que a publicação traz e responde com o resultado de “intervenções em situações reais, nas quais todos os sujeitos envolvidos, equipe gestora, professores e especialistas puderam refletir, cada qual em seu campo de atuação, sobre como as práticas pedagógicas na Educação Infantil podem promover a igualdade racial. Esse processo resultou em momentos de revisão de muitas atividades, da organização do tempo e de espaço e também das ações de gestão”.
A professora Maria Aparecida Silva Bento – diretora executiva do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) – ressalta que uma das possibilidades de respostas à pergunta acima é “repensar as práticas pedagógicas na Educação Infantil, rever os espaços, os materiais, as imagens, as interações, a gestão, e incluir como perspectiva a igualdade racial – o que certamente produzirá um movimento em que muitas ações e atitudes serão reformuladas, ressignificadas e outras, abandonadas”.
A publicação que sistematiza, em 48 páginas, o resultado das experiências de intervenções em duas unidades educativas é fruto de um Plano de Cooperação Técnica estabelecido entre o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Básica, e da Coordenação de Educação Infantil e a Universidade Federal de São Carlos. A execução é compartilhada entre o Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) e o Instituto Avisa Lá – Formação Continuada de Educadores.
O objetivo do material é oferecer apoio para a implementação de propostas pedagógicas comprometidas com práticas que favorecem a igualdade racial. A publicação e o vídeo auxiliam as instituições e os profissionais de educação a entrarem em consonância com o Art. 7, inciso V, das Diretrizes Curriculares da Educação Infantil que dita: que as propostas pedagógicas devem estar comprometidas com o rompimento de relações de dominação étnico-racial.