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Do Brasil para o mundo – participar é um direito da criança

A primeira condição para se ter uma boa escuta para as crianças é deixar o conhecimento que se tem sobre a infância um pouco de lado e abrir o espírito, abrir a escuta, abrir a atenção para aquilo que a criança dirá. A afirmação está no vídeo “O Direito ao Brincar”, produzido pela COMOVA e a Avante – Educação e Mobilização Social em 2012, período em que a instituição atuou como secretaria executiva da Rede Nacional Primeira Infância (RNPI). De lá para cá, as produções em audiovisual pela garantia do direito das crianças em participar se intensificaram, se aperfeiçoaram e romperam as fronteiras brasileiras. A experiência será apresentada no dia 10 de maio, no World Forum on Early Childhood Care and Education, em Auckland, na Nova Zelândia.

O Vídeo “O Direito ao Brincar” é o marco inicial de uma trajetória de cinco anos na busca por ampliar o alcance e os impactos das ações voltadas à garantia do direito das crianças e da parceria entre Avante e produtora de audiovisual COMOVA. “Na época, nós articulamos as escutas em duas escolas em Salvador. Foi uma experiência tremenda. Primeira coisa, a gente viu que dava para conversar e para conversar muito com as crianças. De lá pra cá tem sido um caminho de muita aprendizagem, muita riqueza de processos, de muita reflexão, de muito compromisso, afeto, cuidado, atenção e respeito com as crianças, para as crianças, entre a gente, com os professores, educadores e as famílias que têm apoiado esse percurso”, disse Ana Oliva, consultora associada da Avante que vem integrando a equipe de filmagens nesses cinco anos.

Ao longo desse período, além da execução de projetos focados na participação das crianças, como o Primeira Infância Cidadã (PIC), o Infâncias em Rede, o Todos Juntos, entre outros, a Avante realizou, junto com a COMOVA (ambas integrantes da RNPI), o vídeo clipe da música Lei Menino Bernardo; o vídeo Bata na Porta, que integra uma campanha mundial encorajando as pessoas a baterem na porta das casas e interromper uma situação de violência doméstica (ambos idealizados pelo grupo de crianças da comunidade do Calabar); e as versões do Voices of Childrens (VoC), filmadas em Salvador, em Cingapura e na Índia, e na África e EUA.

As três versões do VoC foram reeditadas e o documentário será exibido na íntegra e discutido em fóruns de participação infantil no World Forum on Early Childhood Care and Education , que acontece essa semana, de 9 a 12 de maio. Na ocasião, Ana Oliva, Global Leader em 2014 (projeto do World Forum), e Gustavo Amora, da COMOVA, Global Leader em 2009, irão, ao lado de outros integrantes da equipe de filmagem, apresentar o documentário para uma plenária com cerca de 1000 pessoas, de diversas partes do mundo, e discutir a temática em uma mesa sobre participação infantil, coordenada por Maria Thereza Marcilio, presidente da Avante.

“Cinco anos depois estamos indo cravar outra bandeirinha da Avante, no mundo, lá na Nova Zelândia. E junto com Gustavo, lançar, com estreia e tudo, o VoC. O primeiro vídeo não teve nada disso, nós jogamos no Youtube, pela RNPI”, comemora Ana Oliva. Apesar das condições, que marcavam o início de uma jornada, Ana destaca a consciência que existia na produção. “A gente sabia da importância daquilo que estávamos fazendo. Fizemos a conversa com as crianças e costuramos com conversas que já tínhamos gravadas, com especialistas sobre o tema do brincar”, conta.

A experiência, além de amplificar as vozes pelos direitos das crianças em participar, gerou muito aprendizado e aperfeiçoamento da tecnologia de escuta desse público. “Nós aprendemos a conversar com a criança, a usar tecnologia junto com ela, a criar outros mecanismos de conversa – conversar andando, com o corpo, brincando, pulando, sem sair do roteiro da entrevista. Foi muito crescimento, uma equipe maravilhosa, muita reflexão, muitas sementes plantadas. Uma experiência que começou na Bahia e agora chega à Nova Zelândia. Já passou pelo Quênia, pelo EUA, pela Índia, Singapura e a gente só têm crescido, aprendido com as crianças, aprendido a rir mais, a brincar mais, aprendido a criar soluções mais interessantes, a descobrir com elas novos pontos de vista, conta Ana Oliva.

VoC

O VoC é um trabalho voluntario do Grupo de Trabalho on Children’s Right, do World Forum on Early Childhood Care and Education, que, além de idealizar as escutas, pensou e planejou as ações da viagem. O envolvimento da Avante no projeto se deu por acreditar que para garantir e consolidar a participação infantil no Brasil, ou em qualquer lugar, é preciso aceitar e acolher o fato de que formação do sujeito político tem que começar cedo, por meio da garantia de participação das crianças pequenas, seja na escola, na comunidade, na família, seja em qualquer lugar. 

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