Brincar na infância é coisa séria

“Brincar é tão importante quanto ir à escola”, declara a advogada Marta Gama durante o Multidebate do segundo programa proposto pela Rede Estadual Primeira Infância (REPI-BA), por meio do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB) – uma das instituições que compõem a Rede. Dessa vez, a pauta discutida no programa de rádio, foi a relação entre a Infância e o Direito de Brincar. Além da participação dos ouvintes, o programa contou com a presença da advogada Marta Gama e do historiador e doutorando em Educação e Contemporaneidade, Jaime Sodré. O Multidebate é veiculado no Multicultura – 107.5 (sempre às terças de outubro, ao meio dia).

Brincar é um direito garantido por lei, ressalta Marta Gama. Apesar da Declaração dos Direitos Humanos estabelecer, em seu artigo 24, “o direito ao repouso e ao lazer” e da Declaração dos Direitos da Criança, no artigo 7, conferir à criança a “ampla oportunidade para brincar e divertir-se”, este direito nem sempre é reconhecido por aqueles que estão ao redor das crianças. Discutindo sobre esse aspecto, o historiador Jaime Sodré enfatiza a importância do brincar ao dizer que “brincar também é uma maneira de construir sua própria identidade”.

A discussão sobre a seriedade do brincar não ficou apenas no estúdio. A ouvinte Cláudia Barros fez questão de categorizar o “brincar” como parte essencial da infância. “A infância é uma etapa singular e estruturante para o desenvolvimento humano, na qual o brincar é um processo fundamental. Pelo brincar, as crianças significam o mundo, vivenciam o papel dos adultos com os quais convivem, expressam sentimentos, entendem regras, aprendem a se relacionar com os outros e consigo mesmas, ampliam sua visão de mundo”, diz.

Brincar onde?

Ao falar sobre brincar, deve-se levar em conta os espaços públicos disponíveis na cidade. Ainda em estúdio, Jaime lembra que, antigamente, as crianças tinham lugares para brincar, corriam pelos quintais, e “se escondiam por baixo das árvores”. Olhando os dias atuais, o historiador questionou onde as crianças irão se esconder: “vão se esconder embaixo dos carros, é?”. Em relação aos espaços públicos, Marta Gama diz que “pensar a cidade é pensar na necessidade da criança brincar, e não apenas de protegê-la”.

Roda Gigante

O Movimento Roda Gigante  nasceu do desejo de garantir a proteção, o brincar, a educação e a cultura às crianças de 0 a 6 anos, e trabalha no sentido de dar visibilidade a este público por meio da ocupação de espaços públicos, garantindo o exercício do protagonismo infantil e do envolvimento de famílias, cuidadores e profissionais ligados à primeira infância. Neste sentido, um dos focos do Roda Gigante é articular a Rede Estadual Primeira Infância – BA (REPI/BA).

O movimento nasceu em 2011 a partir da parceria entre instituições e cidadãos engajados nas causas da primeira infância. Hoje o movimento conta com 25 integrantes que se reúnem mensalmente para pensar e desenvolver ações que promovam a cidadania do público em foco.

“A ideia do O Roda Gigante​: primeira infância em movimento é extrapolar o discurso especializado e trazer para a população a pauta da criança pequena como sujeito de direitos​, trazer para o espaço público ações e conhecimento sobre o tema. O movimento pretende mobilizar a sociedade civil de maneira mais ampla e o espaço da rádio é estratégico para isso”, diz Ana Oliva Marcilio, coordenadora do projeto Infâncias em Rede/Bernard van Leer, e consultora associada de Avante – Educação e Mobilização Social, secretaria executiva da REPI – BA.

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