logo_Prancheta 45

Projeto Foco na Infância dá devolutiva de pesquisa à comunidade

Cerca de 30 moradores da comunidade do Calabar/Alto das Pombas estiveram presentes na primeira devolutiva da pesquisa Foco na Infância: violência, políticas de segurança públicas e repercussões sobre a infância no Calabar/Alto das Pombas.   A apresentação foi feita a partir de quatro focos específicos escolhidos entre os resultados obtidos: o bairro e as crianças; o bairro; o impacto da violência em crianças pequenas e as estratégias de melhoria da qualidade de vida no bairro. E trouxe a público as percepções da comunidade, em especial das crianças, além de estimular o debate e as iniciativas que promovem a paz como um direito social.

O resultado apresentado é fruto de uma investigação cujos objetivos foram: analisar a percepção da comunidade do Calabar/Alto das Pombas sobre violência, política de segurança pública e suas repercussões para a infância; conhecer as impressões e expectativas de moradores acerca da implantação da Base Comunitária de Segurança nestes bairros e considerar o ponto de vista de moradores, lideranças locais, profissionais das áreas de saúde, educação, proteção à infância em relação às questões da pesquisa.

Alguns dos dados apresentados refletem, por exemplo, como a comunidade cuida das suas crianças. Foi detectado que 95% das casas possuem crianças de 0 a 6 anos; que 25% das famílias deixam as crianças em creches para trabalhar. Em relação aos castigos físicos 31% dos adultos afirmam ter vivenciado castigos físicos na infância. No entanto, um número bem maior de adultos – 91,2% – castigam suas crianças. Mas se dividem quanto concordar ou não com esta prática: 54% não concorda e 45% concorda com algum grau de castigo.

A visão das crianças sobre o assunto reflete a cultura onde foram criadas. Para elas, a ideia de castigo é aceita e reproduzida pelas crianças em suas praticas sociais. Elas reconhecem e compreendem a presença da violência na comunidade e na pratica dos policiais, mas não percebem a coerção doméstica como violência.

Em relação à sensação de segurança como consequência da presença da Base Comunitária, dona Lindalva, moradora que trabalha com projetos sociais na comunidade fez um breve resumo durante o encontro: “nenhuma base vai mudar a violência. Nem no Calabar ou bairro algum. Tem que se olhar pela educação, saúde e outros recursos como projetos sociais que ajude e amenize. A comunidade entende que não precisam de apenas uma base, mas de um atendimento amplo. Não precisamos de polícia armada. Precisamos de educação”.
 
A reunião aconteceu na Escola Aberta, no Calabar, na última sexta-feira (13 de dezembro) e contou com a presença de Leny A. Bonfim Trad, coordenadora da pesquisa e coordenadora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC-UFBA); Andrija Oliveira Almeida, mestre em saúde comunitária do ISC/UFBA; Ana Clara Carvalho, coordenadora da Atividade Curricular em Comunidade (ACC); os alunos da ACC e moradores do Calabar. Também estiveram presentes, representando a Avante, Fernanda Pondé, psicóloga e consultora técnica do projeto Infâncias em Rede e Cristiane Silva Delecrode, comunicação do projeto Primeira Infância Cidadã (PIC), ambas da linha de Formação para Mobilização e o Controle socialProj.

A pesquisa foi desenvolvida ao longo de 2 anos (2011 e 2013) e para alcançar os objetivos foram aplicados 559 questionários estruturados, realizadas 10 entrevistas e 4 grupos focais com a participação de crianças, educadores, profissionais de saúde e membros da Base Comunitária de Segurança Pública. Os temas abordados na investigação foram educação, saúde, moradia, esgoto, lixo, lazer, segurança pública. A pesquisa contou com a participação de doutorandos da pós-graduação do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC-UFBA) e alunos de graduação de diversos cursos da área de saúde da UFBA.

A investigação foi desenvolvida por meio do projeto Foco na Infância, da linha de Formação para a Mobilização Social e o Controle Social, da Avante – Educação e Mobilização Social, executado com apoio da Fundação Bernard van Leer e do Instituto de Saúde Coletiva (ISC), da Universidade Federal da Bahia UFBA (UFBA), através do Programa Integrado de Pesquisa e Cooperação Técnica em Comunidade, Família e Saúde (FASA).

A devolutiva completa para a comunidade, estudantes e publico envolvido na pesquisa, será apresentada no início de 2014, no bairro do Calabar.
 
 

Assuntos Relacionados

Pular para o conteúdo