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Por uma infância sem castigos

Por: Ana Oliva (Consultor Associada da Avante e Assessora Técnica da Secretaria Executiva da RNPI)
Ao ser convidada para a Consulta Internacional de Expertos em Violência na Primeira Infância, no Peru, não podia deixara passar a oportunidade de conhecer iniciativas, movimentos e organizações locais que desenvolvem trabalhos de participação e mobilização comunitária, educação e direitos humanos. Foi com esta meta que realizei a visita ao Instituto de Formación para Adolescentes y Niños Trabajadores (INFANT). A convivência, tanto com as crianças e adolescentes, como com a equipe de colabores do INFANT foi tão rica que se desdobrou e fui levada a Lima e Iquitos – capital da região de Loreto, na selva amazônica peruana, região marcada por altos índices de pobreza!
Nas duas experiências tive oportunidade de vivenciar com eles e com as crianças e adolescentes, as oficinas para elaboração da Campanha Nacional “Infancia sin Castigo, Infancia sin Violencia”. O que mais me chamou atenção enquanto estive com o INFANT foi o nível e a qualidade da participação e organização das crianças e dos adolescentes. As falas são claras e, ao mesmo tempo, bonitas. Falam com propriedade do quem vivem, pensam e sentem. Ao mesmo tempo em que nas oficinas muito se produz, o clima é de descontração, alegria e pertencimento. Obviamente que o tema: castigos físicos e humilhantes, não é um tema fácil e durante as atividades os risos foram cortados pelo choro.
Em Iquitos, a oficina se configurava, ainda, nos primeiros passos da Campanha. Começamos em pequenos grupos: meninos e meninas listaram mais de 40 formas de castigos físicos e psicológicos que conhecem. Compartilharam e, por vezes, demonstradas, desde o ajoelhar-se no milho, passando pelos gritos e insultos até as famosas queimaduras com objetos quentes.
Eram cerca de 20 meninos e adolescentes entre 11 a 16 anos que, juntos, construíram argumentos que pudessem dar suporte à sua luta por uma infância sem castigo. A ideia era elaborar respostas àqueles que, por qualquer razão, sejam opositores à ideia de que educação e violência não precisam e não devem estar juntos! O foco maior era na mídia/imprensa e nos políticos. O trabalho foi de construção coletiva da campanha nacional. Os principais mobilizadores e articuladores são as próprias crianças.
Por fim, algumas estratégias que estão em marcha no Peru para o enfrentamento da violência familiar contra crianças:

  • Mobilização e articulação de diversos grupos de crianças e adolescentes;
  • Maior abraço do Mundo – já realizado em Lima, onde quebrou o atual record Guiness e que agora pretende ser multiplicado em outras cidades do país;
  • O museu itinerante do Castigo: com a intenção de sensibilizar a população sobre os danos causados pelos castigos físicos e humilhantes;
  • Gala cultural por una Infancia Sin Castigo
  • O Quipu da Ternura

Acompanhe as notícias sobre a Consulta Internacional de Expertos em Violência na Primeira Infância:
(em inglês)

(em espanhol)

 

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