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Web Série Conexões 4. Diálogo sobre retorno à sala de aula pós-pandemia

Quando os portões das escolas se abrirem no retorno às aulas, após o período de isolamento social, uma nova realidade aguarda alunos, docentes, profissionais de suporte e gestores escolares. No momento, ninguém sabe ao certo nem como, nem quando será. Mas a certeza de que nada será como antes é algo posto para os profissionais da Educação. Para a presidente da Avante – Educação e Mobilização Social, Maria Thereza Marcilio, a COVID-19 impõe a necessidade de se “derrubar os muros da escola”, uma expressão que ela utiliza para afirmar que o diálogo com os pais e mães, com a comunidade, e o estabelecimento de uma ação inter setorial com outros especialistas de áreas como saúde e segurança, bem como uma boa dose de acolhimento mútuo, não podem ser negligenciados neste processo desafiador e de enfrentamento da doença.

“Nunca fomos confrontados de uma forma tão forte como essa para que esse diálogo com a família aconteça. É um diálogo necessário”, afirmou Maria Thereza durante a 4ª edição da Web Série Conexões, que trouxe o tema “Tempos de Convívio e Distanciamento” para o debate, no dia 27 de maio, pelo canal do YouTube da Avante (AvanteOng), realizadora da iniciativa. Se antes da pandemia, no intuito de oferecer uma educação de qualidade, já era fundamental para a escola uma parceria com as famílias, agora o diálogo deve ser mais próximo e amplo, contemplando desde assuntos da esfera doméstica – a situação social e econômica desses tutores, a segurança dessa criança em seus lares, a disponibilidade de alimentos em casa, o acesso a recursos tecnológicos e de conectividade; aos protocolos de higienização e convívio social no ambiente escolar, de acordo com cuidados necessários para se evitar a contaminação das crianças.

Maria Thereza problematiza ainda mais sua fala ao dizer que é preciso garantir os direitos das crianças – de Brincar, de Explorar, de Participar, de Expressar, de Conhecer-se e de Conviver, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Infantil, caso contrário a escola não estará cumprindo o seu papel. “O grande desafio é a gente pensar fora da caixa e sair do ideário de uma situação que já está posta. A criança deve estar no centro do currículo e precisamos tratá-la como alguém que tem direitos claros”, disse.

A presidente da Avante alerta para aquelas situações nas quais as crianças estão matriculadas em tempo integral, muitas vezes porque os responsáveis trabalham em jornadas extensas e não têm com quem deixar seus filhos, ou mães que criam seus filhos sozinhas e precisam trabalhar o dia todo. Será possível ofertar turno integral pós-pandemia? “Precisamos dar crédito a essas famílias, formar comunidades de aprendizagens, fazer o currículo mais vivo e dialogado”, disse Maria Thereza.

Educadores – As mudanças também se farão presentes entre os educadores. A consultora da Avante, Fabíola Bastos, que participou do diálogo, ao lado de Maria Thereza Marcílio, lembra que neste momento de atividades remotas já está sendo trabalhada “uma nova pedagogia”, como explicou: “Este é um momento de escuta, de solidariedade, de suporte aos contextos e vidas diversos. Como essas famílias estão passando? Temos notícias das crianças? Agora, o estado de presença é pensar no aqui e no agora, nas relações e nos contextos humanos”, explicou Fabíola.

Da mesma forma, há um olhar atento para as educadoras, enquanto profissionais que também vivem dificuldades impostas pelo isolamento social. Neste sentido, Fabíola mostra-se preocupada com os níveis de estresse e de adoecimento da categoria, visto que na maior parte trata-se de mulheres que estão com jornadas extensas de trabalho, em função do acúmulo e sobrecarga dos afazeres domésticos, que ainda recaem sobre elas, em função de distorções históricas causadas por questões de gênero. “Todos esses questionamentos fazem parte do nosso dia a dia hoje. São muitas dúvidas, medos e inseguranças!”, comentou via chat Antonyara Andrade.

As tessituras do diálogo conduziu o público a uma reflexão sobre: o que de fato importa? E, ao que parece, o necessário, no momento, é mais do que nunca manter o foco nos sujeitos: crianças, profissionais, famílias, no território-comunidade, e ter como objetivo a garantia do direito a uma Educação de qualidade para todas as crianças. Escutar, acolher, criar e transformar, lembrando que é preciso toda uma aldeia para educar uma criança. A Web Série está disponível no canal do YouTube da Avante (LINK).

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