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Terreiros de candomblé de Salvador formam grupo produtivo de moda étnica

Questões sobre economia solidária deram o tom do primeiro encontro de formação dos grupos produtivos do projeto IPA – A Força Empreendedora das Mulheres, realizado na última terça-feira (9 de agosto), no Terreiro do Cobre, no Engenho Velho da Federação (Salvador – BA). A iniciativa é voltada à geração de renda de mulheres de candomblé de dois terreiros soteropolitanos, Tanuri Junsara e Cobre, e é executada pela Avante – Educação e Mobilização Social em parceira com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), por meio da Superintendência de Economia Solidária (SESOL).

Conduzido por Carol Duarte, consultora associada da Avante e coordenadora do projeto, o encontro possibilitou uma maior familiarização das mulheres com os princípios da economia solidária. “Seria o trabalho realizado em grupo, compartilhado com a comunidade”, arriscou Josemeire Andrade, presente ao encontro, tomando como referência a forma de funcionamento dos terreiros para explicar seu entendimento sobre o tema.

Carol Duarte aproveitou a deixa e destacou as semelhanças dessa lógica de funcionamento, com foco no coletivo, com a da economia solidária. “A economia solidária também é uma forma de produção coletiva, onde não existe trabalho menos ou mais importante. Todos são importantes, porque todas as pessoas têm o seu valor, todas as pessoas têm coisas importantes a oferecer e têm o seu saber. Essa é uma das coisas fundamentais na economia solidária, e isso é muito comum no terreiro e muito diferente da forma capitalista, onde um manda e todo mundo obedece”.

Capacitação

As participantes serão auxiliadas por diversos campos do conhecimento para melhor desenvolvimento do grupo produtivo. Elas contarão, por exemplo, com aulas de gestão e viabilidade socioeconômica, ministradas por Karine Oliveira, 23, que trabalha há cerca de três anos com cooperativas na Bahia. Oriunda do Terreiro do Cobre, a jovem enfatiza que projetos como o IPA são importantes diante do cenário de gestão feminina em que vivemos. “A maioria dos projetos de cooperativas na Bahia são fomentados por mulheres”, ressalta.

O grupo ainda terá a presença de uma psicóloga social – que atuará no fortalecimento das relações interpessoais do grupo -, aulas de costura de nível básico e avançado e noções mais específicas da prática interligada ao design de moda étnica, além do acompanhamento direto com design de moda afro.

Moda afro-brasileira

O projeto visa desenvolver um empreendimento coletivo em que a identidade de matriz africana das mulheres oriundas de terreiro seja fortalecida, como compreende a costureira Joilma Teixeira, 44, que decidiu participar do projeto para aperfeiçoar as noções que já tem sobre a prática da costura. “Todas essas ações ajudam a fortalecer a cultura afro e a valorizar a mulher”, destacando o viés racial e de gênero ao qual o IPA se propõe.

O projeto se propõe, ainda, a viabilizar a comercialização dos produtos por meio de consultoria para a criação de um espaço de comercialização e consequente geração de renda. A ideia é que a produção das empreendedoras seja diversificada, levando a moda afro a um público mais amplo, para além dos terreiros.

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