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O sorriso de Érica

Por causa da chuva, a professora Evilênia Gaspar, da EMEIEF Maria Marquez Cedro, do município de Maracanaú (CE), organizou uma brincadeira baseada em uma história sobre monstros, a fim de que as crianças conhecessem e compartilhassem seus medos. Ela narra em seu registro sobre como uma simples cabaninha, construída para legitimar o momento lúdico, teve papel tão importante para as crianças, em especial para Érica, uma menininha que não interagia com os colegas e não participava de nenhuma brincadeira.

REGISTRO


Por: Evilênia Gaspar, professosa da EMEIEF Maria Marquez Cedro


No dia 13 de abril, o planejamento teve de ser condensado devido ao número de alunos que vieram à escola por causa da chuva. Portanto a atividade principal foi focada na história “Como reconhecer um monstro”. Contei a história para os pequenos e conversamos seriamente sobre as coisas de que temos medo. As crianças têm medo de coisas concretas, como baratas, aranhas, cobras, mas não acreditam que monstros existam de verdade.


Então fizemos um acordo: brincar de faz de conta que monstro existe. E o momento mágico começou. Improvisei uma casinha feita com um lençol, para brincar de esconder do monstro. Debaixo do lençol elas conversaram, sussurrando (quase não dava para ouvir) que o monstro estava lá fora. Dava para ouvir muitos risinhos de dentro da casinha, mas o momento mágico ainda se intensificaria.


Na sala há uma menininha que parece muito triste o tempo todo. Ela nunca esboçou sorrisos e nunca falou, nem neste ano e tampouco no ano anterior. Na escola todos a conhecem como uma criança que não demonstra o que sente e nem participa de nenhuma atividade. Mesmo quando colocada em um grupo de dança, fica lá, em pé, imóvel… Mas essa atividade foi tão especial e magnífica para as crianças, que Érica acabou se envolvendo, gostando e se divertindo. Um sorriso iluminado foi arrancado da sua alma, mostrando a criança que ela é. Por sorte ou magia, o sorriso foi flagrado pela câmera fotográfica e, ao verem a foto, as outras crianças ficaram encantadas, pois nunca haviam visto um sorriso no rosto da coleguinha. E comentavam entre si, com grande admiração: “A Érica sorriu!”.


Para nós adultos, uma brincadeira como esta pode parecer boba e sem graça, mas para uma criança, a fantasia não está unicamente em um brinquedo fabricado, mas em um objeto que ela possa  transformar.
Neste dia, percebi o poder mágico que tem um simples lençol nas mãos das crianças, pois este foi o único objeto utilizado na brincadeira de faz de conta.

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