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Experiências lúdicas aproximam crianças e famílias no combate à violência comunitária

“Não precisamos de mais tempo. Precisamos de um tempo que seja nosso”. A frase é do escritor moçambicano Mia Couto e propõe uma profunda reflexão sobre como nos relacionamos com o tempo nessa corrida desenfreada em que se transformaram os dias. O que dizer, então, das famílias com as crianças, sejam filhos, sobrinhos ou netos? Em especial quando pesa, nos ponteiros desse relógio, a realidade socioeconômica. Na briga de foice da sobrevivência, para a definição de prioridades, essas famílias são desafiadas pela carência de um tempo exclusivo para as crianças, onde viver o momento esteja no centro da experiência.

Pensando em proporcionar esse tempo entre as famílias e as crianças participantes do Estação Subúrbio – nos trilhos dos direitos, o projeto promoveu uma experiência afetiva, no Parque da Cidade. “Foi muito importante para aproximar mais a relação. Não só entre mães, avós e as crianças, mas também a comunidade, criar laços de afeto, de solidariedade entre eles”, explica Deise Nery, uma das assistentes sociais que atuam no projeto.

Realizado no dia 28 de outubro, o passeio integrou as ações do Estação Subúrbio para o mês das crianças. A caravana partiu em uma van, da ESCOLAB, no bairro de Coutos, para o bairro do Itaigara. Durante a tarde no parque, foram oferecidos lanches para todos.

Um dia especial

A experiência vai ficar na lembrança daqueles que assistiram ao espetáculo circense “Flor do Lixo”, da Caravana Tapioca. A encenação trata do destino do lixo que produzimos. No enredo, dois artistas vão se apresentar em um beco sem saída, o Beco da Ilusão, mas têm o show interrompido devido a um curto-circuito no som. O que parecia estar perdido ganha uma nova dimensão, quando seres mágicos surgem no local, indicando soluções para que eles possam recriar a apresentação, utilizando os diferentes materiais descartados na natureza.

Depois do espetáculo, todos ficaram livres para brincar a céu aberto, aproveitando o contato com a natureza, a extensa área verde e os brinquedos do parque. Uma tarde absolutamente atípica do cotidiano difícil de Jucimara Almeida, mãe de Wendell Jackson e Jonathan Ueslei, desempregada há mais de um ano. “Eu não conhecia o Parque da Cidade, depois de reformado. Amei o passeio. Foi um momento que eu passei com eles, juntos. A tarde foi ótima.”

Jonathan também ficou encantado com a experiência, sua primeira vez no Parque da Cidade. “Adorei o parque e gostei do circo. Gostei muito do passeio porque nunca tinha vindo à cidade”, conta o garoto de 10 anos, referindo-se ao trajeto do Subúrbio até o Itaigara. A expressão utilizada por Jonathan é muito comum entre os moradores do Subúrbio, para dizer que vão do território rumo a outros pontos de Salvador.

Estação Subúrbio

A convivência com a arte, a cultura e o lazer é uma das estratégias do “Estação Subúrbio – nos trilhos dos direitos” para a redução da violência comunitária, especialmente no que se refere às crianças e adolescentes. Executado pela Avante, em parceria com a organização alemã Kindernothilfe (KNH), o projeto atua no Subúrbio Ferroviário de Salvador até 2021, com ações nos bairros de Plataforma e Periperi.

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