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Empoderadas, mulheres de terreiro desfilam coleção com elementos da cultura afro

“Empreender requer dedicação e paciência”, afirma Jamile Sodré, designer de moda que acompanha e auxilia as participantes do projeto IPA – A Força Empreendedora das Mulheres, que irão desfilar a coleção “A Deusa que habita em cada uma”, criada a partir da formação profissional de mulheres integrantes de terreiros de candomblé pelo projeto IPA – a força empreendedora das mulheres, que fomentou, entre suas ações, a criação de um empreendimento de costura de temática afro-brasileira, baseado nos princípios da Economia Solidária, batizado pelas empreendedoras de Laços de Mãe.


A designer vem trabalhando com o grupo de mulheres de dois terreiros do Engenho Velho da Federação, em Salvador (BA), há cerca de um ano. Para ela, a compreensão e o exercício dos princípios desse tipo de economia – produção, comercialização e consumo, baseadas na cooperação, igualdade, autogestão e respeito -, tem colaborado para o fortalecimento, empoderamento e valorização das mulheres.


Uma compreensão surgida desde o primeiro encontro de formação do grupo, quando Josemeire Andrade, integrante do projeto, tomou como referência o funcionamento dos terreiros para explicar seu entendimento sobre esse novo universo da Economia Solidária: “Seria o trabalho realizado em grupo, compartilhado com a comunidade”, disse. “Fomentar o desenvolvimento da Economia Solidária significa também promover a autonomia e autoestima dessas mulheres, contribuindo para a equidade de gênero e raça”, enfatiza Carolina Duarte, consultora associada da Avante e coordenadora do projeto.


Na passarela


O resultado aparece na passarela, no desfile de lançamento da coleção “A Deusa que habita em cada uma”. “Acredito em uma valorização da mulher, o chamado empoderamento, e em uma moda voltada para um público real. É uma proposta de modelagem de formas reais e é algo pertinente ao tema da coleção. Então, sugeri que as meninas – como as chamo, carinhosamente -, fossem as modelos, e elas amaram”, conta Jamile. Ela ressalta, ainda, que a coleção reflete a identidade cultural das participantes.
A escolha do tema, por exemplo, surgiu após uma pesquisa de elementos da cultura afro-baiana, cujo vestimentas apresentam características específicas voltada para um público de formas arredondadas. “A mulher afro geralmente tem quadris largos, seios fartos. Quando apresentamos esse tema elas se identificaram e adoraram”, explica Jamile.


A designer teve sua atuação no projeto intensificada na etapa final, quando da produção da coleção e planejamento do desfile para exibição das peças confeccionadas durante o processo formativo do IPA. O desfile acontece ainda esse ano, em local e data a serem confirmados.


IPA


A produção final do projeto IPA, executado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceira com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), por meio da Superintendência de Economia Solidária (SESOL), ratifica a formação cidadã e a capacitação das mulheres durante o projeto, que contemplou, por exemplo, aulas de gestão e viabilidade socioeconômica. Já a formação cidadã é destacada na conscientização das mulheres sobre os seus direitos e a importância da preservação dos valores e da cultura da comunidade em que estão inseridas.

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