São inúmeros os problemas vivenciados por aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade, em especial no que diz respeito à garantia de seus direitos. Uma dor de dente, a necessidade de um acompanhamento psicológico, um esclarecimento sobre como lidar com a saúde da gestante e do bebê. O que pode parecer óbvio para uns, torna-se um desafio para outros. Questões que podem ser resolvidas com acolhimento, escuta e encaminhamento. É o que está fazendo o Balcão Psicossocial no Subúrbio Ferroviário.
A tecnologia social desenvolvida pela Avante – Educação e Mobilização Social está inserida entre as ações do projeto Estação Subúrbio – nos Trilhos dos Direitos, realizado pela instituição, em parceria com a organização alemã Kindernothilfe (KNH). A partir de triagem e encaminhamento para ações do projeto e outros programas de Salvador, o Balcão vem promovendo acesso a direitos cidadãos e melhorando a qualidade de vida da comunidade.
Foi o que aconteceu com a moradora de Colinas de Periperi, Edilene Santos, que devido à orientação médica equivocada, passou por seis gestações sem extrair um dente que a incomodava. Só agora, na reta final da sétima gravidez, descobriu que não causaria nenhum prejuízo a ela ou ao bebê realizar a extração. “Na palestra sobre mitos e verdades, descobri que quando a gestante está com dor de dente, pode arrancar, sem problemas. Nas minhas gestações morria de dor e os dentistas não queriam arrancar. Tirei muitas dúvidas, descobri muitas coisas que não sabia”, conta Edilene.
A palestra fez parte de um curso para gestantes, realizado no Centro Espírita Cruz da Redenção, em Periperi, onde ela aprendeu sobre os primeiros contatos com o bebê, a confeccionar o enxoval, entre outras atividades relacionadas à gestação. A participação no curso só foi possível por conta da escuta e encaminhamento que Edilene recebeu do Balcão Psicossocial ao procurar a iniciativa solicitando um enxoval para o seu bebê.
Patrícia Sanches, uma das assistentes sociais responsáveis pelas ações do Balcão na Ocupação Quilombo do Paraíso, em Colinas de Periperi, detalha a ação na comunidade. “Realizamos um plantão semanal, em cada espaço que o projeto é desenvolvido, para manter contato com os familiares das crianças e adolescentes. A partir das demandas que eles apontam, a gente direciona. O que temos possibilidade de dar conta, a gente dá; o que não, acionamos a Rede Socioassistencial”, conta Patrícia.
Em Colinas de Periperi, o atendimento do Balcão Psicossocial é feito na Ocupação Quilombo do Paraíso, às quintas-feiras (tarde). Já em Fazenda Coutos, acontece na Escolab, com a assistente social Deise Nery, às quartas-feiras (tarde). E em Plataforma, quinzenalmente, dentro dos mutirões realizados pelo projeto na Praça São Braz.
O projeto
Voltado para crianças, a partir dos 4 anos, adolescentes até os 14, e os detentores de deveres – familiares, professores, membros do Sistema de Garantia dos Direitos (SGD) da Criança e do Adolescente e a comunidade do Subúrbio –, o projeto visa à redução da violência comunitária urbana, sobretudo de crianças e adolescentes, nos bairros de Plataforma e Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.
O Estação Subúrbio vai atuar no território até 2021, com ações para aumentar o envolvimento de atores da comunidade na defesa dos direitos da criança e adolescente. Além do Balcão Psicossocial, realiza atividades de estímulo ao livre brincar em espaços públicos comunitários, com o intuito de promover o sentimento de pertença, ampliar o cuidado com o ambiente comunitário e melhorar a qualidade das relações interpessoais, da qual participam Franciele Alves, 10 anos, e Jamile Vitória, de 4 anos, filhas de Edilene Santos.