A equipe do Estação Subúrbio: nos trilhos dos direitos visitou a Ocupação Quilombo do Paraíso, em Colinas de Periperi, no último dia 5, para apresentar o projeto para as lideranças e comunidade local. Executado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceria com a organização alemã Kinder Not Hilfe (KNH), o projeto visa à redução da violência comunitária urbana, sobretudo de crianças e adolescentes, nos bairros de Plataforma e Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Durante a visita, a consultora associada da Avante e coordenadora do Estação Subúrbio, Ivanna Castro, e as assistentes sociais do projeto, Deise Nery e Patrícia Sanches, conversaram com Pedro Cardoso, coordenador estadual do Movimento dos Sem Teto da Bahia (MSTB), organização responsável pela Ocupação Quilombo do Paraíso. “O Movimento nasceu em 2009, fruto da necessidade de organização de mulheres e homens para conquista da moradia e demais direitos sociais necessários para a vida digna. E a Ocupação existe há sete anos. Hoje são 109 famílias residindo no local, com cerca de 40 crianças e 20 adolescentes,” disse.
Sobre o processo de ocupação de terra, a coordenadora da Ocupação Quilombo do Paraíso, Rita Ferreira, destaca a importância das mulheres no embate. “Quando a gente inicia uma ocupação, ficam os homens. Mas depois, a maior parte que fica é formada por mulheres”, referindo-se às demandas comumente relacionadas ao gênero, sobretudo à da chefia na maioria dos lares. Ela própria é a única mulher, em um universo de cinco pessoas, na função de coordenação da Ocupação Quilombo do Paraíso, revelando que os espaços de poder e decisões ainda são majoritariamente ocupados por homens.
Em relação ao contexto das crianças e adolescentes, os dados não destoam de outras comunidades carentes. Só existe um campo de futebol como espaço de lazer, e o trabalho do projeto Tramando a Paz, do Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), acolhendo os adolescentes. Além de se aproximar mais da realidade socioeconômica de Periperi, a equipe do Estação Subúrbio: nos trilhos dos direitos conheceu a sede da Associação Comunitária Colinas III de Periperi e Adjacências, um dos espaços indicados pela comunidade para a realização das atividades do projeto.
O projeto
Voltado para crianças, a partir dos 4 anos, adolescentes até os 14, e os detentores de deveres – familiares, professores, membros do Sistema de Garantia dos Direitos (SDG) da Criança e do Adolescente e a comunidade do Subúrbio -, o projeto vai disponibilizar, entre suas ações, o Balcão Psicossocial, como explica Ivanna Castro. “O Balcão é um espaço de acolhimento, escuta, triagem e encaminhamento para ações do projeto e outros programas de Salvador, que atenderá os beneficiados pelo projeto por meio de plantões semanais com assistentes sociais.”
O Estação Subúrbio vai atuar no território até 2021, com ações que visam aumentar o envolvimento de atores da comunidade na defesa dos direitos da criança e adolescente. Entre elas, os Grupos de Desenvolvimento, com o objetivo de fortalecer a autoestima e desenvolver a resiliência entre as crianças e adolescentes participantes do projeto. Coordenados por uma psicóloga social, vão realizar debates com temas variados, como identidade, violência, projeto de vida, participação, a partir do ponto de vista das crianças e adolescentes sobre cada assunto.
Nesse primeiro ano, haverá também atividades de fomento a brincadeiras livres em espaços públicos comunitários, com o intuito de promover o sentimento de pertença, ampliar o cuidado com o ambiente comunitário e melhorar a qualidade das relações interpessoais. Além disso, a cada ano, terá um treinamento em Ludicidade para os detentores de deveres, voltado para o direito ao brincar como estratégia de enfrentamento da violência comunitária urbana e fortalecimento dos vínculos com crianças e adolescentes.