Vozes de crianças (VoC) africanas e americanas conectam-se a de outras ao redor do mundo por seus direitos

Após escuta de crianças em Salvador, Índia (Mumbai e Bangalore) e Cingapura, a equipe do Voices of Children (VoC) partiu, no dia dois de novembro, para mais um capítulo de diálogos com criança sobre seus direitos. Dessa vez, meninos e meninas da África (Quênia) e EUA (Boulder, Colorado) farão parte das conversas que integrarão um documentário que reunirá vozes de diversas partes do mundo a partir de abordagens positivas para ouvir as crianças sobre o que elas pensam sobre a própria vida, o lugar em que moram, a escola e como gostariam que fossem. A consultora associada da Avante – Educação e Mobilização Social e coordenadora de ações estratégicas, Ana Marcilio, integra a equipe do Voices of Children e é representante da instituição no Grupo de Trabalho on Children’s Rights [Direitos da criança], da World Forum Foundation, de onde partiu a iniciativa.

Com ela, Gustavo Amora e Alan Shivas, integrantes da produtora COMOVA; Vashima Goyal, idealizadora do programa EduRetreat, todos integrantes do Children’s Rights; e Shelly Stratton, arteterapeuta americana que participou deste capitulo do VoC para apoiar os trabalhos.

“Tem sido uma experiência rica e transformadora que conecta crianças e adultos em busca de uma vida melhor para a infância no mundo, a partir de suas perspectivas”, disse Ana Marcilio. Para ela, “um grande desafio que envolve cultura, língua e orçamento reduzido, porém com uma riqueza fantástica”.
O VoC é um trabalho voluntario do Grupo de Trabalho on Children’s Right que, além de idealizar as escutas, pensou e planejou as ações da viagem. Aqueles que desejarem colaborar com a iniciativa podem fazer doações na página da World Forum Fundation.

Trajetória

Nessa etapa, o grupo passa por Boulder, Colorado (EUA) e Nairobi, Quênia (África), onde vem compartilhando experiências e conhecimentos sobre o diálogo com crianças numa conversa entre professores e a equipe do projeto Voices of Children! “As crianças e educadores da escola têm compartilhado suas ideias e experiências sobre os direitos das crianças, falado sobre a necessidade de áreas de brincar adequadas para bebês e não apenas para as crianças pequenas, e dado suas ideias sobre as eleições”, conta Ana Marcilio, que ainda se encontra em campo.

O que mais tem encantado a consultora associada da Avante é a abertura das crianças e dos educadores. “O interesse, a disponibilidade para participar é incrível. As crianças se engajam em conversas que podem durar mais de uma hora e falam sobre suas dificuldades e suas conquistas, dando ideias que podem transformar o mundo em um lugar melhor para elas”, destaca.

O pontapé para os diálogos com crianças de diversas partes do mundo foi dado pela Avante – Educação e Mobilização Social ao promover o encontro com crianças dos bairros do Calabar e do Rio Vermelho, em Salvador. Para as escutas na capital baiana, a ponte foi o projeto Infâncias em Rede, realizado pela instituição, em parceria coma Fundação Bernard van Leer e a Fundação Xuxa Meneghel.

A fase seguinte das gravações foi realizada no continente asiático, onde ocorreram três oficinas – duas na Índia (Mumbai e Bangalore) e uma em Cingapura, com uma abordagem estética, metodológica e de ferramentas práticas para que as crianças participem do documentário a partir da produção de vídeos utilizando a tecnologia que têm em mãos, na maioria das vezes, aparelhos móveis.

Ao longo do percurso, a cada escuta, estão sendo produzidos vídeos menores com/sobre elas para ampliar as suas escutas. Já foram finalizados os produtos da escuta de Salvador (Voices of Children Salvador) e da Índia e Cingapura (Voices of Children  Índia e Cingapura).

Estadia especial

A estadia da equipe do VoC em Nairobi (Quênia) tem sido em um lugar muito especial, o Children’s Garden Home. Uma espécie de casa de acolhimento das crianças que são separadas das famílias, em sua maioria como consequência da extrema pobreza que assola metade da população de quatro milhões de pessoas. Com um olhar bem peculiar no cuidado com as crianças, os responsáveis, Daddy (papai) Moses e Mum (mamãe) Sylvia, criaram um ambiente familiar, onde eles são os pais e os integrantes da equipe de cuidadores são como tios e tias. Seu lema é o “Com cuidado amoroso e espiritual, eles crescerão para serem transformadores da nossa sociedade e do nosso país” (With love and spiritual care, they will grow up to be the Changemakers of our society and country).

Essas foram algumas das crianças que conversaram com a equipe do VoC. “Em Nairobi, as crianças do Children’s Garden Home falaram sobre a importância do amor, do cuidado com o outro, de se ter roupas e um lar para dormir”, conta Ana Marcilio. Lá, elas também falam em reconhecer seus talentos e da inspiração que as mais velhas podem ser para as mais novas, além das possibilidades de ter sucesso na vida a partir desses dois aspectos.

Avante

O envolvimento da Avante no projeto se deu por acreditar que para garantir e consolidar a participação infantil no Brasil, ou em qualquer lugar, é preciso aceitar e acolher o fato de que formação do sujeito político tem que começar cedo, por meio da garantia de participação das crianças pequenas, seja na escola, na comunidade, na família, seja em qualquer lugar. 

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