O que esperar da relação Escola-Família no pós-pandemia

São muitos os desafios encontrados pelos gestores, coordenadores pedagógicos e professores nas reuniões com os familiares responsáveis pelos estudantes na escola. Para além de discutir o desempenho dos alunos, a proposta desses encontros é estreitar laços. No entanto, diante da enorme demanda de ambos os lados, esse último quesito nem sempre consegue ser trabalhado, perdendo terreno para discussões sobre disciplina, frequência e rendimento. No entanto, diante da inesperada e inédita realidade provocada pela pandemia do COVID-19, gestores e educadores em geral estão sendo provocados a repensar estratégias e a se reinventar. “Eu tenho certeza que vamos sair dessa experiência entendendo que as escolas são espaços privilegiados de trocas e de afeto”, disse Emanoel Souto, secretário-executivo de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Educação do Paulista (PE), no último dia 5 de junho, durante a transmissão do quinto episódio da Websérie Conexões: “Avanços e Perspectivas na Relação Escola-Família – A experiência com a pandemia”, realizado no canal do YouTube da Avante – Educação e Mobilização Social.

Juntamente com Emanoel, Ana Luiza Buratto, vice-presidente da Avante, compartilhou reflexões com o público que mostraram um caminho de ampliação dos espaços de trocas e acolhimento às famílias, oferecendo mais afeto e menos burocracia. “Entendemos que todos nós precisamos uns dos outros. E a escola é um ambiente super favorável para ações menos burocráticas e mais afetivas”, disse o secretário. Para a professa Léa Ribeiro, participante via chat, já é possível perceber avanços na relação família-escola: “Estamos entrando em um novo tempo na Educação. As famílias já olham para a escola com outros olhos”, comentou.

Para Ana Luiza Buratto, que coordena as ações da tecnologia Escola-família-comunidade realizadas pela Avante por meio do Programa Melhoria da Educação (Itaú Social), é necessário fortalecer os espaços de participação e de engajamento das famílias para quando chegar o momento do retorno. “Será importante ampliar esses espaços e pensar num planejamento que permita qualificar a participação dessas famílias”, acrescentou a vice-presidente da Avante. Ana Luiza sugeriu a criação de “rotinas complementares” à rotina escolar, para se compreender melhor quem são esses estudantes, e como estão vivendo essas famílias. Também via chat, Cristina da Silva Batista acrescentou: “Antes o nosso desafio era trazer a família para ser participante na escola. Com a pandemia, o desafio foi mudado para ‘trazer a família para ser escola’”.

Para Ana Luiza, uma vez superados o susto e a tensão iniciais, é chegada a hora de realizar os ajustes nas rotinas e planejar esse futuro próximo. Ela se declara otimista em relação a esse novo tempo. “Eu sou esperançosa e acredito que a gente vai voltar fortalecido”, disse.

Grêmio estudantil – A ampliação dos espaços de participação e escuta dentro das escolas vem se concretizando formal e informalmente no município do Paulista. Um bom exemplo é a revisão da minuta de implantação dos grêmios estudantis que vem sendo feita pela Secretaria Municipal de Educação e que provavelmente vai aumentar o poder de diálogo dos alunos com a gestão, atendendo a uma das reivindicações dos estudantes apontadas em pesquisa geradora do Diagnóstico da Relação Escola-Família-Comunidade, feita pela Avante junto à rede municipal no ano passado.

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