IPA – mulheres de terreiros soteropolitanos iniciam formação em costura

“Prenda o pano. Você tem que ir na mesma levada da máquina”, diz Maria das Graças, uma das professoras de costura do projeto IPA – A Força Empreendedora das Mulheres, durante a aula de costura realizada no Terreiro Tanuri Junsara, no Engenho Velho da Federação (Salvador-BA). No dia 22 de setembro, as participantes do projeto tiveram aula de introdução ao desenho de bolso para calças jeans e camisas sociais, e mostraram ânimo e vontade de aprender.

O público beneficiado direto do IPA é composto, prioritariamente, por mulheres costureiras oriundas de terreiros ou por pessoas da comunidade “do Axé”, como é denominada pelo grupo produtivo que dia a dia se forma. Os dois principais são os terreiros Tanuri Junsara e Cobre, mas há também pessoas que vieram de longe, como é o exemplo de Jussara de Souza, que veio do terreiro de Omini-tá, em Cajazeiras, trazida por uma amiga do Cobre.

Sede de aprender

“Elas vão se sair bem porque estão com sede de aprender”, enfatiza outra professora de costura, Eliene Veloso, ao lembrar que o aprendizado é um processo gradativo. Eliene e Maria da Graças sabem bem do que estão falando, pois ambas são oriundas da Cooperativa Costurando Ideias (COOPERCID), fomentada pela Avante, por meio do projeto Grãos e fortalecida pelo Florescer, agora atuando como formadoras. Ao perceber que as participantes estavam temerosas quanto ao uso da máquina industrial, Eliene fez questão de dizer que também não sabia costurar, e que aprendeu inicialmente na máquina industrial. As participantes do IPA terão aula tanto em máquina doméstica, mais simples, como na industrial, mais utilizada em grandes confecções, e fundamental para a cooperativa.

Rosemeire Barbosa, participante assídua das aulas, afirma que até o momento “as atividades foram difíceis”, mas que, ainda assim, concluiu todas. Diferente da maior parte das mulheres do IPA, ela não faz parte de nenhum dos dois terreiros atendidos pelo projeto. Foi convidada por uma amiga do Terreiro do Cobre e aprovou a ideia do projeto, pois aprender a costurar era um desejo antigo. “Gosto de costura, já até trabalhei como ajudante na área, mas não sei costurar de verdade. Quero aprender para ter meu próprio lucro”, enfatiza, já pensando no futuro.

Quem também pensa no futuro é Margarete Santos, que já entrou no projeto imbuída do sentimento de cooperação. Enquanto algumas participantes estavam terminando a atividade na máquina industrial, ela e outras três mulheres se reuniram para realizar a separação de alguns retalhos encontrados. “Foi o que a gente conseguiu para praticar o que já aprendemos e depois vender. Aqui, cada uma sabe fazer uma coisa”, explica. A iniciativa mostra que as mulheres estão aguçando o olhar para o reaproveitamento de materiais que, a princípio, seriam ser descartados. Elas aproveitam os retalhos para praticar as atividades das aulas de costura anteriores.

IPA

Voltado à geração de renda dessas mulheres e à difusão da cultura afro-brasileira, o projeto é executado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceria com a Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (SETRE), por meio da Superintendência de Economia Solidária (SESOL).

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