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Rede brasileira pela primeira infância em articulação mundial

Participante do World Forum desde 2009, a Avante – Educação e Mobilização Social vem conquistando espaço e novas articulações no encontro mundial de lideranças pela Primeira Infância – World Forum on Early Childhood Care and Education. Esse ano (2017), com uma participação ampliada, a instituição apresentou a Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), uma articulação nacional de organizações da sociedade civil, do governo, do setor privado, de outras redes e de organizações multilaterais que atuam, direta ou indiretamente, pela promoção e garantia dos direitos desse público.


O World Forum aconteceu em maio, em Auckland, Nova Zelândia, e contou com a participação de Maria Thereza Marcilio, presidente da Avante, Global Leader (GL) em 2009 (mesmo ano que foi convidada a participar da RNPI) e coordenadora do grupo de GL da América Latina desde 2014; e Ana Oliva Marcilio, consultora associada da Avante, Global Leader em 2014, que esse ano participou do World Forum como bolsista, e apresentou a RNPI para os líderes mundiais pela Primeira Infância. O Global Leader é um projeto do World Forum com o objetivo de formar e fortalecer lideranças para a primeira infância.


A Avante teve espaço de fala em diversos painéis, sessões e plenárias. Em alguns deles, Maria Thereza a Ana Marcilio trouxeram a experiência da RNPI. Em um, em especial, houve uma dobradinha da Avante. No painel “Redes: desafios e pontos fortes do trabalho coletivo” (Networking: Challenges and Strengths of Collective Work) Maria Thereza desempenhou o papel de mediadora, enquanto Ana Oliva falou sobre o trabalho de advocacy da RNPI. “Nessa sessão, um aspecto peculiar da RNPI ficou em evidência – a sua diversidade, que inclui a participação de instâncias do governo”, conta Maria Thereza.


O assunto surgiu a partir de um questionamento de Lynette Okengo (Quênia), que também apresentou uma rede regional africana, que reúne representação de diversos países do continente, e surgiu de um chamado de organizações internacionais como UNICEF e Save The Children. “Lynette nos questionou sobre como poderia atuar numa mesma rede o governo e a sociedade civil, se isso não era fonte de tensão”, conta Maria Thereza.


Como resposta, Ana Marcilio, ressaltou a importância da presença do governo na articulação por ser ele o executor das políticas públicas, e que a Rede é um espaço de diálogo e ao mesmo tempo de confronto. “Há tensões, mas são tensões necessárias e que podem ser administradas dentro da Rede”, disse Ana, na ocasião. Ao término da sessão, encantada com o argumento, uma outra participante do Quênia procurou as integrantes da Avante para destacar a importância desse aspecto, enfatizando que em seu país, quando pensam em governo, pensam em corrupção ou em domínio. “O modelo da Rede, que é um modelo diferente, provocou reações, mas também muito interesse”, ressalta Maria Thereza.


A terceira apresentação do painel ficou por conta de Carmen Hernáez (Argentina). Ela apresentou o início da formação de uma rede em seu país. “Carmen fez muita menção à RNPI, que tem sido forte referência desde que ela esteve em Salvador por ocasião do Seminário de Global Leaders, em 2015”, destaca Maria Thereza.  A Rede foi apresentada no Seminário por Claudius Ceccon, coordenador do Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP), atual secretaria executiva da Rede, a convite da Avante. “O que mais chamou a atenção de Carmen foi essa estrutura da Rede, que funciona de baixo pra cima, muito aberta, muito democrática, horizontal e diversa. Ela saiu do Seminário com a ideia de estimular uma rede na Argentina à semelhança da RNPI e desde então tem promovido reuniões com organizações para dar início ao processo”, conta Maria Thereza. Carmen esteve presente em duas assembleias da RNPI, sempre levando um convidado para conhecer a experiência.


A Rede também foi tema durante plenária de Global Leaders de edição anteriores, que falaram sobre o significado de desempenhar esse papel (Liderando a mudança em um mundo em mudança). À presidente da Avante coube responder: “O que faz com que um Global Leader assuma uma liderança nacional?”. “Nesse momento eu tive a oportunidade de falar da Rede como sendo um instrumento potente de defesa dos direitos das crianças. Falei da importância que foi pra mim, que sempre militei nesse área, entrar para uma rede nacional; e para a Avante, que foi secretaria executiva [biênio 2011/ 2012], dando uma outra dimensão ao trabalho de advocacy da instituição”, conta. Além de Maria Thereza, do Brasil, havia Global Leaders dos Estados Unidos, Líbano, México, República de Fiji e Sri Lanka.


Trajetória da RNPI ao Forum


Ao longos desses anos de participação no evento, tem havido um esforço da Avante em levar a experiência da Rede ao conhecimento de outras lideranças mundiais pela Primeira Infância. O resultado veio quando a organização do World Forum solicitou que a Rede aparecesse nos eventos como organização parceira. “Achei muito importante a logomarca da RNPI ser exposta no evento, já que o Fórum consegue reunir cerca de 800 a 900 pessoas do mundo todo, redes e organizações de outros lugares. Conversamos muito com o IFAN [então secretaria executiva da RNPI], para fazermos esse acordo”, conta Maria Thereza.


Ao final de 2013 foi assinado um termo de parceria, sem que isso significasse nenhum ônus para a Rede, mas garantindo a sua logo no site e nos cartazes do evento.


World Forum


O World Forum é um espaço aberto, coordenado e promovido pela Fundação Word Forum, que acontece a cada dois anos, desde 1999. O evento reúne pessoas que atuam com foco específico na Primeira Infância, de todas as áreas de direito, e investe na participação de minorias. Esse ano, dos EUA, houve representação de tribos indígenas; da Europa, participaram pessoas de origem “roma”, que são os ciganos europeus. Nesse sentido, é um espaço fundamental para dar visibilidade a esse público, no mundo.


“Há um viés do World Forum em dar voz e vez a grupos que não as têm. É muito importante a presença da RNPI lá, porque a Rede pode ser uma referência. Além disso, ela ser parceira significa também trazer o Forum para o Brasil. Ou seja, trazer outras abordagens, outras visões. E para nós, da Avante, significa ampliar nosso trabalho de advocacy pelos direitos das crianças, mantendo a coerência com a nossa missão, com nosso propósito, com nossos valores, com nossas práticas, que é de dar voz às crianças, respeitar seus direitos, formar as pessoas para trabalhar com elas, considerando-as sujeito de direitos”, avalia Maria Thereza.

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