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Maratona de eventos reflete “novo lugar” da Educação Infantil no cenário nacional

Em pouco mais de uma semana, a Avante – Educação e Mobilização Social esteve presente em cinco importantes eventos sobre Educação Infantil, em quatro diferente estados do país; Bahia, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. Para a gestora institucional da Avante, Maria Thereza Marcilio, que representou a instituição nos eventos, a maratona de debates mostra que a Educação Infantil alcançou uma importância, nunca antes alcançada, no cenário nacional que discute a educação como um todo. “Embora ainda com muita coisa para se fazer, com muita distância entre a prática e a teoria, a Educação Infantil está em outro lugar, um lugar de reconhecimento, de mais conhecimento, incidindo como referência de um processo de construção”, analisou.

Em um dos eventos, por exemplo, realizado em São Paulo pelo Centro de Referências em Educação Integral, em parceria com o Instituto C&A, Maria Thereza Marcilio e outros especialistas em Educação Infantil debateram sobre como a Educação Infantil pode contribuir no processo de construção da Educação Integral, em andamento no país. A reunião, ocorrida no último dia 25, na sede do Cidade Escola Aprendiz, contou com representantes da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, da UNDINE, do Instituto Vera Cruz, de escolas de Educação Infantil do município de São Paulo, entre outras instituições.

“Estamos começando a colher os frutos de um trabalho intenso de mais de trinta anos, a partir da Constituição, da LDB, das Diretrizes Curriculares Nacionais, do FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), entre outros passos que vem sendo dados e têm colocado a Educação Infantil nesse novo lugar”, acrescenta.

Em sua análise, o respaldo que vem adquirindo os processos construtivos da Educação Infantil é fruto, contraditoriamente, de uma quase invisibilidade pela qual passou o segmento dentro do campo da Educação durante décadas. “O fato de termos sido periferia por tanto tempo, permitiu que a gente criasse e apresentasse mais novidades interessantes para a área de Educação. Isso se reflete no lugar que a Educação Infantil começa a ocupar na pauta nacional de discussão. Não tenho dúvidas que seja resultado do conjunto de documentos de qualidade produzidos no país e de uma forte militância, que precisa se fortalecer ainda mais para tornarmos o conteúdo teórico em prática de qualidade”.

Eventos

A maratona de Maria Thereza Marcilio, representando a Avante-Educação e Mobilização Social e a Rede Nacional Primeira Infância (RNPI) em cinco eventos envolvendo a Educação Infantil começou no dia 16 de novembro, em São Paulo. O Movimento pela Base Nacional Comum Curricular reuniu especialistas, na Associação Cidade Escola Aprendiz, para sugerirem melhorias no documento da Base.

Na parte da manhã, o foco foi a Educação Infantil. “Houve um reconhecimento de todos de que a Base Nacional Comum Curricular da Educação Infantil está bem delineada. Ainda que precise de ajustes, colaborações e melhorias, é possível enxergar no documento as crianças de 0 a 6 com toda sua especificidade”, resumiu Maria Thereza.

Pela tarde, o debate foi direcionado para o Ensino Fundamental. Maria Thereza Marcilio foi a única representante da Educação Infantil a participar dos debates com o grupo do qual faziam parte professores da USP e representantes de outras organizações da sociedade. “Ficou claro que, ao contrário da Educação Infantil, no documento para o Ensino Fundamental o sujeito desaparece e vira quase uma lista de conteúdo”, relatou, acrescentando que a situação no Ensino Médio é um pouco melhor.

As dificuldades apresentadas pelo Ensino Fundamental são possíveis de serem explicadas, segundo a gestora institucional da Avante. “Inovar dentro de um modelo fechado, é mais difícil. Requer que se rompa alguns paradigmas. Na educação infantil, não é que seja fácil, mas temos menos constrangimento, menos pressão. O bom é que a Educação Infantil pode inspirar os outros segmentos a fazer as mudanças necessárias”, ponderou.

A reunião foi organizada por Anna Penido, do Instituto Inspirare, e contou com a participação de representantes do Instituto C&A, Instituto Airton Sena, CENPEC, Cidade Aprendiz, entre outros. Como resultado da reunião, as ideias e sugestões colhidas serão sistematizadas e encaminhadas pelo Movimento pela Base Nacional Comum para o Ministério da Educação e Cultura (MEC).

Salvador

No dia 18, com o Seminário de Políticas Públicas para a Educação Infantil: perspectivas nacional e municipal, Maria Thereza Marcilio deu continuidade à maratona de eventos. Naquele dia, a política municipal para Educação Infantil de Salvador foi apresentada ao MEC, representado pela sua coordenadora geral de Educação Infantil, Rita Coelho. Na oportunidade, a coordenadora do ministério apresentou a Política Nacional para a Educação Infantil e participou de um debate, momento em que pode dirimir dúvidas do público presente, que lotou um dos auditórios do Hotel Sheraton.

Campo Grande – MS

Nos dias 23 e 24, ocorreu o VII Seminário do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Foi uma reunião com cerca de 450 professores de Educação Infantil de todo estado sul mato-grossense, com a coordenação da Professora Doutora Ordália Almeida. O objetivo foi apresentar a Base Nacional Comum Curricular e discutir formação de professores. No evento, Maria Thereza Marcilio, apresentou a palestra Educação Infantil: Por que Mobilizar Ainda é Preciso.

“Tentei dar essa visão de que apesar dos avanços teóricos e documentais, incluindo aí a Base Nacional Comum Curricular, a distância entre a prática e a teoria é, ainda, muito grande. Além disso, existem, ainda, enormes pressões, seja para escolarizar a pré-escola, deixando de ser Educação Infantil como a gente pensa; seja para aceitar educação de bebê como algo que qualquer um pode fazer, de qualquer jeito e em qualquer lugar, não precisando gastar tanto com isso. Então, em que pese todos os avanços, e são muitos e muito positivos, ainda tem muita militância a ser posta em ação”, resumiu.

Outro destaque do evento foi a palestra Desenvolvimento Profissional Docente: Pressupostos e Significados, ministrada pela Professora Doutora Eliane Greice Davanço Nogueira (UEMS). Houve também a apresentação da Professora Ordália Alves Almeida Base Nacional Comum Curricular para Educação Infantil: Implicações Teórico-Práticas, a qual foi seguida por uma discussão com participação da plateia.
Uma mesa com representantes das secretarias estadual do MS e municipal de Campo Grande, do Fórum Mato-grossense de Educação Infantil, debateu as questões do segmento no Estado. O público também teve a oportunidade de assistir ao filme Território do Brincar, o qual foi seguido de um debate sobre ludicidade e educação infantil com professores da universidade.

Rio de Janeiro

Para finalizar, Maria Thereza Marcilio esteve no Rio de Janeiro, onde, no dia 26 pela manhã aconteceu a reunião do Grupo Gestor da RNPI, no Hotel Novo Mundo. À tarde e na manhã seguinte, no mesmo local, aconteceu a Assembleia Nacional da RNPI, quando a Rede pôde realizar seu planejamento estratégico de 2016 e avaliar o que aconteceu em 2015. “Houve discussões muito interessantes. A Rede se mostrou muito fortalecida, muito dinâmica, com incidência política em diversos campos de atuação”, relatou.

“Diversos GT apresentaram seus trabalhos. Todos com uma produção significativa e interessante”, contou Maria Thereza Marcilio. Ela destacou a presença da convidada internacional, Carmem Hernaez, da Argentina. Carmem foi convidada pela Rede durante o encontro de Global Leadres, realizado pela Avante, em Salvador, no mês de setembro. “Ela achou o movimento da RNPI muito interessante e quer levar seu modelo de ação para fortalecer a organização pela Primeira Infância na Argentina. Debatemos sobre como podemos ter estratégias comuns de ação na América Latina. Foi a semente de uma rede integrada na região”, conta.

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