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Infâncias em Rede é encerrado e deixa saudades

A alegria era evidente naquela tarde de 23 de dezembro de 2015, em um dos poucos espaços de lazer do bairro do Calabar.  Brincadeiras, exposição de fotos, palhaço, lanche, mostra de vídeos. Era o fim de três anos de projeto que deixaram um gosto de quero mais nos educadores, crianças e na comunidade do Calabar. “Aprendi pula corda, amarelinha.

Aprendi a plantar para decorar a praça. Aprendi a não bater em ninguém, a pedir desculpa. Levei essas coisas para casa e melhorou, diminuiu a pressão. Ruim que está terminando, porque a gente se diverte, aprende”, disse Tauana Barbosa, uma das crianças participantes do Grupo de Crianças do Calabar, criado pelo projeto.

Sandra Souza, mãe de Luane Souza, 11 anos, também integrante do Grupo, apesar de emocionada pelo que viu no encerramento, também lamentou o fim do projeto. “Não gostei de saber que vai acabar. Era uma ocupação para as crianças, que aprendiam coisas novas e ainda nos ensinavam. Minha filha ficou com a língua afiada com essa história que crianças tem que brincar, que não deve apanhar. Mas eu gosto, está certo. São coisas que abrem nossos olhos”.

Para a coordenadora do projeto, a consultora associada da Avante-Educação e Mobilização Social, Ana Marcílio, a emoção foi grande. “Foi tudo muito mais forte do que eu mesma imaginei. Os adultos passavam pela praça e narravam visões pessoais dos resultados positivos do projeto para as crianças e para a comunidade. Eles repetiam que era uma pena que iria acabar. Foi um projeto transformador. Transformou as crianças e a nós que trabalhamos nele. E essa transformação se espalhou por famílias e por parte da comunidade. Foi um dos encerramentos mais bonitos que já vivenciei”.

O Infâncias em Rede é um projeto da Fundação Bernard van Leer, executado pela Avante – Educação e Mobilização Social em parceria com a Fundação Xuxa Meneghel, Rede +Criança, Rede Nacional Primeira Infância (RNPI).

Educação baseada no amor

A psicóloga responsável pela mobilização do Grupo de Crianças do Calabar, Fernanda Pondé, não escondeu que apesar da alegria da festa, outros sentimentos lhe tocavam. “A primeira sensação é de saudade das crianças”.  Para ela, além das transformações positivas que o projeto trouxe, o que mais lhe marcou foi o que ela aprendeu com a experiência. “Foi um trabalho complexo, demorei um tempo para entender como costurar as coisas dentro de uma proposta de brincar com crianças de uma comunidade sofrida pela pobreza e discriminação. Foi desafiador, mas muito rico para mim, de uma aprendizagem imensa”.

Para o educador e músico, Juraci do Amor, foi uma experiência única. “O projeto me apresentou a novas formas de enxergar processos de ensino e aprendizagem, não focados somente em conteúdos, em enquadramentos. Foi uma coisa mais livre, mais solta, envolvendo as famílias, os transeuntes. E paulatinamente as pessoas iam chegando e começavam a participar. É uma educação baseada no amor; ficar tranquilo, deixar as coisas acontecerem e com isso os produtos acabam surgindo espontaneamente. Hoje mesmo, uma pessoa se emocionou, um senhor de idade que veio chorando e disse ser esse um trabalho maravilhoso. Acho que ele se viu criança”, conta.

A festa

Cerca de 30 crianças do projeto Infâncias em Rede vivenciaram uma tarde cheia de emoções no Calabar. A festa de encerramento do projeto, que aconteceu na Praça do JUC, um dos espaços na comunidade revitalizado pelas crianças do projeto,  trouxe pais, amigos, avós, e fez parar muita gente que passava para ver a exposição com mais de 100 fotos que narram um pouco da caminhada que os educadores da ‎Avante-Educação e Mobilização Social percorreram durante os três anos de convívio com as crianças no intuito de ensinar-lhes, entre muitas outras coisas, sobre seus direitos, especialmente o direito de participação.

Para alegrar ainda mais a praça, o palhaço Tiziu contagiou a todos com suas brincadeiras. Ao final da tarde, uma exibição de três vídeos nos quais as crianças da comunidade participaram foi outra atração. Um deles foi o videoclipe do jingle produzido pelas meninas e meninos, tendo como tema a Lei Menino Bernardo (Lei nº 13.010, que proíbe o uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes na educação de crianças e adolescentes). Nele, pedem para a sociedade combater a violência contra as crianças.

O segundo vídeo apresentada à comunidade no dia do encerramento do projeto, também protagonizado pelas crianças, foi o ‪‎Bata na Porta. O vídeo faz parte de uma campanha mundial contra a violência doméstica e que com duas semanas no YouTube alcançou a marca de 10 mil visualizações.

O terceiro, foi um mini documentário com o registro do depoimento de crianças dos bairros do Calabar e do Rio Vermelho sobre a cidade e seus direitos, que integrará o documentário Vozes das Crianças (VoC), que reúne vozes de crianças de diversas partes do mundo.

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