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Foco nas Infâncias: celebração marca dois anos do projeto na Baixa do Tubo

A única árvore que enverdece e sombreia a Praça do Sucuiú foi abraçada por um pisca-pisca de luzes coloridas. Telão, brinquedos espalhados sobre tecidos coloridos, barraquinhas de pipoca e cachorro-quente, chuva de bolinhas de sabão e muita criança brincando, correndo e interagindo pelo espaço comunitário. Assim foi a festa de encerramento anual do projeto Foco nas Infâncias, protagonizada pelas crianças no último 10 de dezembro.

Marcada por diversão, brincadeiras, apresentações artísticas, cinema e um lanche super gostoso, a festa foi organizada pelas crianças e celebrou também dois anos do Projeto na Baixa do Tubo e o aniversário de quatro anos da pequena Luna, que vem crescendo com a oportunidade de acessar uma ação importante para a promoção do direito à liberdade em sua comunidade.

Durante o evento, as crianças ficaram livres para desfrutar de suas brincadeiras favoritas: pernas de pau, malabares, bonecas, maracás, quebra-cabeças, literatura infantil, pintura facial. Tinha atividade para todas as idades e preferências. 

Rafael do Anjos, 12 anos, disponibilizou o seu super talento para pintar a criançada. Coelhos, palhaços, homem-aranha, insetos, grafismos – os temas, tamanhos e cores foram variados. O garoto, que aprendeu a pintar com suas irmãs desenhistas, encontrou no Projeto a possibilidade de desenvolver a sua habilidade e fez bonito na festa de encerramento.

“É muito bom saber que aqui também existem essas artes, né? Eu aprendi também muita coisa com Kuia (Anna Cristina Prado – mobilizadora brincante do Projeto). Eu já havia dito para ela que gostava de desenho, então ela vem me incentivando”, afirmou Rafael. 

Além das brincadeiras, pinturas e apresentações musicais, as crianças também assistiram à animação Kiriku e a Feiticeira, que remonta uma lenda africana em que um recém-nascido superdotado recebe a missão de salvar a sua aldeia.

Para Suelen Santos, 8 anos, de toda a programação, o filme e o personagem “Piricu” foram o mais legal da festa. 

O lanche, no entanto, foi um sucesso à parte e atendeu à risca as proposições sugeridas em assembleia: pipoca, cachorro-quente, geladinho de frutas e bolo de chocolate. 

2 anos de brincar

Danielly, 10 anos, estava ansiosa para o início da festa. A menina, que participa desde o início do Projeto, aproveitou para reafirmar a relevância da iniciativa em seu cotidiano: “Toda vez que eu tô no tédio, eu venho para cá. Aqui me traz alegria. Eu sempre participo das apresentações, brinco de perna de pau e de pé de lata também”. 

Endy Monalisa, 11 anos, acrescentou que curte também as rodas de leitura. Segundo ela, o Projeto lhe traz “uma sensação de alegria, felicidade e liberdade, porque os professores resolvem tudo na calma e tem brincadeiras”.

Suelen Lisboa, 12 anos, que apresentou duas músicas durante a festa, fez uma declaração similar: “Lá na rua a gente não resolve tudo como aqui. A gente não brinca de várias coisas como aqui. Aqui tem horas que a gente canta, tem a hora do lanche, não é só por causa disso (risos). Tem a hora que a gente brinca, tem a hora da leitura, a hora da pintura”, e continuou, “eu gosto das pessoas, dos professores e dos passeios, mesmo que eu não vá, porque eu gosto que as pessoas fiquem felizes. Eu também me sinto feliz aqui, porque tem horas que eu tô triste e os professores conversam comigo e me apoiam no meu sonho de ser cantora.” 

Davi Luiz, 10 anos, que começou a participar do projeto na metade deste ano, compartilhou que o malabarismo é a sua brincadeira favorita. O garoto, que nunca foi ao circo, declarou adorar experienciar atividades circenses no Projeto. 

Naiara de Jesus Lisboa, 11 anos, começou a participar do Projeto no final de 2024 e disse gostar principalmente das apresentações e rodas de interação. “Eu já fui pro Teatro Gregório de Matos apresentar poesia. Eu já apresentei com aquelas bolinhas [malabares de fita]. Já fiz várias coisas aqui”. 

Quando questionada sobre o que espera para o projeto no próximo ano, Naiara respondeu: “Eu quero que permaneçam as rodas de interação. Porque eu gosto de saber as histórias e tudo o que acontece. Foi muito bom aprender mais sobre o racismo e a história dos povos escravizados”. 

Ao pedir que sintetizasse o Projeto para convite de outras crianças, Naiara foi contundente: “Inclusão é a palavra”.

Suelen Lisboa, além de participar ativamente e levar o seu sobrinho para os encontros brincantes, afirmou ser uma entusiasta do Projeto na escola. “Eu sempre convido – Bora, gente, pro Projeto, bora! Lá vai ter brincadeira, vai ter pessoas para te apoiar, para você conversar e confiar. Vai ter comida, brinquedo. Lá tem uma praça, a gente pode correr à vontade, fazer pintura, cantar…”.

Os depoimentos das crianças e suas avaliações sobre o Projeto revelam o potencial do brincar livre para a promoção do direito à liberdade, previsto no artigo 16 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Por meio do projeto Foco nas Infâncias, as crianças da Baixa do Tubo têm tido a oportunidade de vivenciar diferentes aspectos que caracterizam esse direito, a saber:

  • Liberdade de ir, vir e estar nos espaços públicos e comunitários; 
  • Opinião e expressão, possibilitando que as crianças expressem seus pensamentos e sentimentos;
  • Crença e culto religioso, assegurando que possam professar sua religião ou crença livremente;
  • Brincar, praticar esportes e divertir se;
  • Participar da vida familiar e comunitária.

As atividades foram encerradas com gostinho de quero mais. Ainda bem que, para alegria da meninada, 2026 é logo ali.

Foco nas Infâncias: defesa de direitos na Baixa do Tubo do Coqueirinho é um projeto realizado pela Avante, em parceria @kindernothilfe (KNH).

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