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Experiência italiana com Educação Infantil é tema de Conferência na UNEB

“A ação do adulto é complexa e refinada. Requer descentramento e escuta para que as crianças tenham o tempo necessário para se expressar. O tempo delas é diferente do nosso. É preciso focar menos em – o quê? e mais – no como as crianças fazem”. Esta foi uma das falas proferias pelo professor Aldo Fortunati, presidente do Centro de Pesquisa e Documentação sobre a Infância – La Bottega di Geppetto, da Prefeitura de San Minato/Itália, e Vice -Presidente do Gruppo Nazionalle Nidi Infanzia.

O evento: durante a Conferência: Diálogos Internacionais sobre a Experiência com as Crianças em San Miniato/Itália, promovido pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em parceria com a Avante – Educação e Mobilização Social e a Faculdade de Educação da UFBA, no último dia 15 (agosto), no Campus I da UNEB, trouxe Aldo Fortunati para falar sobre a experiência em educação infantil de San Miniato – cidade italiana localizada na Toscana que sofreu as mesmas influencias de Reggio Emília, outra cidade italiana considerada referência mundial no assunto. Ambas tiveram influência da obra do pedagogo /educador Loris Malaguzzi.

“Para quem teve a oportunidade de visitar Reggio Emilia, esta palestra foi uma confirmação que temos muito a aprender com a experiência italiana. Precisamos falar mais sobre o que ela nos traz como contraponto ao que hoje se considera fundamental na educação infantil e que vem impondo uma pressão no sentido de aferição de resultados”, diz Maria Thereza Marcilio, gestora institucional da Avante, que esteve no evento representando a instituição.

“Durante o evento, lembrei-me de todas as pessoas envolvidas na construção de uma educação infantil que seja um projeto da sociedade e que veja a criança como um sujeito pleno de direitos, forte, competente, rico, sociável, ativo e curioso”, disse Thereza ao descrever seu encantamento diante das falas de Fortunati.

O professor Aldo Fortunati abordou a educação como um direito da criança, como apoio ao seu desenvolvimento e crescimento plenos. “Ela não é feita para atender a demanda de pais que trabalham. Nem é um substituto de famílias ‘incompetentes’”, dispara. Para ele, educação é um projeto social, de toda comunidade. E o professor é uma profissão de interesse social. E a família é o primeiro lugar de convivência, cuidado e educação.

Sobre currículo da Educação Infantil, Fortunati ressaltou que este instrumento é tradicionalmente pensado como: resultados a serem alcançados e estímulos para se chegar aos resultados. E avaliar se os resultados foram alcançados. “Ele foi muito claro ao dizer que esta é a concepção tradicional e ela é ‘falha e burra’, pois despreza a potencialidade das crianças e transforma o professor em um técnico  aplicador”, pontua Thereza.

Para o professor a construção de um currículo para Educação Infantil deve ir na direção contrária. “Deve construir oportunidades, acompanhar processos e percursos, e narrar experiências, ao invés de avaliar resultados. Avaliar não é medir um comportamento em relação a uma norma, mas documentar e recontar as qualidades individuais das estratégias da cada criança”, disparou.

Para sintetizar o seu pensamento sobre a Educação Infantil o palestrante trouxe cinco pontos fundamentais para a educação infantil:
1 – Organização do espaço: arquitetura, equipamentos e materiais.
2- Currículo: na perspectiva sintetizada acima
3- Prática docente como processo de construção coletiva, envolvendo todos os profissionais que atuam no espaço de Educação Infantil. Centralidade do papel do coordenador pedagógico.
4- Historicidade do processo educativo que compreende memória, história e futuro.
5 – Centralidade da família como co-protagonistas do processo educativo. Não são destinatários de políticas, usuários de serviços e menos ainda clientes. Tem que participar da elaboração, reflexão e avaliação.
Fortunati finalizou sua fala diante de uma plateia atenta com um alerta: “A natureza nos presenteia com possibilidades de imensa abertura nos nossos primeiros anos e, com certeza, não o fez para que a escola homogeneizasse e podasse esse imenso potencial. Tem que haver currículo e intenção pedagógica, mas submetidas ao desenvolvimento e potencial das crianças, uma abertura para o inesperado”.
Thereza aproveitou a ocasião para apresentar a Rede Nacional Primeira infância (RNPI) por meio do vídeo/animação: Um plano nacional pela primeira infância. Este vídeo foi promovido pela Avante quando na gestão da Secretaria Executiva da Rede (2011/12), com o apoio do Instituto C&A. A gestora da Avante convidou as instituições representadas na plateia para integrar a Rede Estadual Primeira Infância (REPI – BA) e obteve muitos retornos de desejo de adesão.

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