As crianças do Centro Municipal de Educação Infantil Irmã Dulce, em Natal (RN), vivenciaram uma experiência intensa e repleta de aprendizado no mês de junho. A partir de pesquisas sobre ritmos característicos do período junino – forró, xaxado e baião –, elas não apenas conheceram mais a fundo a festa, como também estiveram, presencialmente, com um dos ícones do objeto de estudo: o forrozeiro Zé Barros.
As atividades, que culminaram em exposições e apresentações das crianças, foram inspiradas na “Paisagem Festiva”, proposta na publicação: Estação Paralapracá – Menu de Paisagens Culturais, uma cartografia de expressões culturais dos municípios parceiros no primeiro ciclo do Paralapracá, que valoriza e dissemina os saberes da cultura local, relacionando a importância deste tipo de conhecimento ao desenvolvimento da identidade das crianças.
Com manifestações de Campina Grande (PB), Caucaia (CE), Feira de Santana (BA), Jaboatão dos Guararapes (PE) e Teresina (PI), as paisagens culturais estão classificadas como: narrativas, lúdicas, artísticas, sonoras, festivas e gastronômicas. Agora, no segundo ciclo do programa, essas paisagens têm provocado reflexões e impactado nas práticas pedagógicas das instituições de Educação Infantil onde o Paralapracá está presente, como é o caso de Natal (RN).
“O CMEI Irmã Dulce está localizado em Felipe Camarão, bairro periférico de Natal. Esta condição geográfica não tem sido obstáculo para a realização de experiências educativas, principalmente, no tocante à valorização cultural. Temos mantido propostas de conhecimento de ícones como o Mestre Manoel Marinheiro, por exemplo, colocando em prática o que aprendemos na formação de coordenadores do Paralapracá e com seus materiais formativos”, afirma a coordenadora pedagógica Maria das Graças Dantas, que já promovia atividades de resgate cultural, mas, diz que, a partir do Paralapracá, percebeu que ainda há muito que mostrar da cultura local, para que o mundo veja e para que outras crianças aprendam com o Nordeste.
Explorando a cultura local
A atividade no CMEI Irmã Dulce também está relacionada ao eixo exploração do mundo, do Paralapracá, o qual sugere que, a partir da interação com o meio natural e social no qual vivem, as crianças começam a compreender como este mundo funciona. A experiência foi registrada pela equipe pedagógica, uma estratégia indispensável à formação dos professores por induzir a construção de uma prática reflexiva, o que contribui de maneira definitiva para a qualidade das ações na Educação Infantil.
Outro município que se baseou na Estação Paralapracá para apresentar a cultura local foi Maceió (AL), com o registro do Sururu de Capote de Dona Conceição feito pela assessora do Paralapracá, na capital alagoana, Geisa Andrade. “Cultura na Educação Infantil não pode ser vista como data folclórica, deve ser incorporada nas rotinas e nas atividades, para que possam ser produzidas e consumidas pelas crianças, desde pequenas. O Paralapracá tem a preocupação com a Cultura como sustentação de uma concepção de criança ativa, sábia, participante da sua comunidade, capaz de criar”, ratificando a ideia de que a cultura local deve ser, necessariamente, um componente curricular.
Paralapracá
O Paralapracá é uma frente de trabalho do programa Educação Infantil do Instituto C&A, realizado a partir do estabelecimento de alianças com Secretarias Municipais de Educação, selecionadas para participar da iniciativa por meio de edital e implementado em parceria técnica com a Avante – Educação e Mobilização Social.
O programa possui dois âmbitos de atuação: a formação continuada de profissionais de Educação Infantil e o acesso a materiais de uso pedagógico de qualidade, tanto para crianças quanto para professores. Integraram-se ao primeiro ciclo do programa os municípios de: Jaboatão dos Guararapes (PE), Caucaia (CE), Feira de Santana (BA), Teresina (PI) e Campina Grande (PB). Neste segundo ciclo, que corresponde ao período de 2013 a 2017, cinco municípios integram o projeto: Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).
Até 2017, o foco do programa é o fortalecimento da gestão das políticas públicas municipais de Educação Infantil, juntamente com a promoção da sustentabilidade do processo formativo nas redes municipais parceiras.