Em entrevista, gestora da Avante fala sobre participação no World Forum 2014

Maria Thereza Marcilio, gestora institucional da Avante participou, junto com 841 líderes e profissionais de primeira infância de 81 países, do décimo World Forum on Early Childhood Care and Education realizado no período de 6 a 9 de maio de 2014, em San Juan, Porto Rico. O foco do evento foi a discussão sobre a oferta de serviços de qualidade para as crianças pequenas e no planejamento de ações para alcançar a qualidade nos diversos ambientes.

“Participar do World Forum permite a oportunidade única de tecer redes com líderes de primeira infância de seis continentes e compartilhar ideias sobre o que significa mesmo qualidade de atendimento para as crianças, percebendo como esse termo é cultural e contextualmente determinado”, disse Maria Thereza que, na edição do evento em 2009 foi selecionada Global Leader (GL) e retornou agora, em 2014, como coordenadora dos GL das Américas e membro do Grupo de Trabalho do WF sobre Direitos das Crianças – Children’s Rights Working Group.

Maria Thereza integrou uma mesa redonda sobre direitos das crianças onde apresentou uma retrospectiva histórica sobre o que o Brasil tem feito pelas suas crianças, desde a assinatura da Convenção dos Direitos das Crianças em 1989. “Este tópico é muito próximo e querido ao meu coração porque todas as crianças, independentemente de qualquer circunstância, precisam ter os seus direitos respeitados e assegurados e merecem o que há de melhor para que se desenvolvam plenamente”, conta a gestora da Avante que na entrevista a seguir fala um pouco sobre sua experiência na 10ª edição do WF.

Avante – Quais foram os ganhos para a primeira infância nesta edição do World Forum?

Maria Thereza – Tivemos a presença de Pia Brito do UNICEF que fez a palestra de abertura e depois realizou uma sessão só para os Global Leaders. Ela trouxe muita energia e vibração e nos convocou a assinarmos a petição para que o desenvolvimento infantil seja um tema central no documento das Nações Unidas pós 2015. Como estamos em pleno período de avaliação das Metas do Milênio, estipuladas para o período 2000-2015, está na hora de pensar a continuidade. Segundo Pia, há um risco grande de a primeira infância não ter o destaque necessário e a petição terá muita força nesse caso, e ela, pessoalmente, está convidando presidentes para um café da manhã em setembro na sede das Nações Unidas; na ocasião pretende convocá-los a serem parceiros nessa luta.

Avante – Que balanço você faria do World Forum no que diz respeito aos grupos de Global Leaders?

Maria Thereza – Tivemos um grupo grande com representantes das quatro regiões: Américas, África, Oriente Médio e Ásia- Pacífico. Eles representam situações muito distintas com demandas as mais diversas. É muito interessante ver o que move cada país, quais os problemas mais cruciais e perceber que os GL tem que conhecer a sua realidade e propor intervenções que possibilitem avançar na garantia dos direitos das crianças. Em alguns lugares, a luta é ainda pela sobrevivência, pelos direitos básicos; em outros já se discute a questão do consumo, enquanto outros ainda enfrentam problemas de deslocamento forçado, violência extrema. Em todos se coloca a questão da participação infantil.
Ser GL permite a ampliação do olhar e da escuta para que as crianças tenham o melhor possível.

Avante – Quais os principais assuntos discutidos nas mesas que você participou?

Maria Thereza – Participei de duas mesas que foram organizadas pelo GT de Direitos das Crianças (Children’Rights Working Group) do qual eu faço parte. A primeira teve como tema central ”Os resultados da Convenção Internacional dos Direitos da Criança – impacto e desafios nos países” e foi composta por representantes do Canadá, de Porto Rico, de Omam e por mim. Cada uma historiou o que aconteceu em seu país desde a assinatura da Convenção com uma apreciação crítica.

Na segunda mesa – Buscando a voz das crianças e encontrando formas de escutá-las (Seeking Out Children’s Voices and Finding Ways to Listen), a Avante participou duplamente: eu como co-coordenadora e Ana Oliva, consultora Avante, apresentando o vídeo de conversas com crianças em uma comunidade ribeirinha do interior do Amazonas. Esta mesa foi muito interessante, pois desde a metodologia ela foi pensada para haver uma participação mais ativa dos que lá estavam. Ademais, como houve apresentação de três vídeos,- o de Ana, outro de Gustavo Amora, meu parceiro como Global Leader da turma de 2009, com um vídeo de crianças de Brasília e o terceiro de Vashima Goyal, com um vídeo de Singapura, criou-se um ambiente favorável à compreensão do quanto as crianças tem para nos dizer se lhes for dada a oportunidade.

Um dos objetivos dessa mesa é o de construir um acervo de escuta de crianças em todo o mundo e os vídeos apresentados foram um estímulo para tal. A ideia é que o GT de Direitos das Crianças coordene essa continuidade.

Avante – Como foi a recepção do grupo à sua fala sobre as politicas e avanços do Brasil no que tange o direito das crianças?

Maria Thereza – Mais uma vez, em circunstância como essa, é possível notar o avanço e a qualidade dos documentos brasileiros sobre a primeira infância nos âmbitos abordados pela Convenção: provisão, proteção, potencial e participação. No entanto, fica também muito claro o quanto a prática, o cotidiano estão distantes do marco institucional e do arcabouço legal. As pessoas demonstram interesse e curiosidade em conhecer os diferentes documentos, elogiam sempre, ficando surpresos com a defasagem dos dados.

Avante – Você notou alguma diferença na organização do evento entre o ano que foi selecionada GL (2009) e esta edição?

Maria Thereza – Sim, na minha turma nós éramos 23 de todos os continentes, não havia separação por região, o que permitia um contato maior com a diversidade. Hoje o projeto cresceu muito, são 43 GL havendo necessidade dessa divisão regional. Como todo projeto bem sucedido, ele cresce, se transforma, provoca questionamentos e novos ajustes são feitos. Creio que há uma perda dessa perspectiva global, por outro lado, no meu ano éramos apenas dois brasileiros e os únicos da América do Sul; hoje somos seis brasileiros e 10 da América do Sul.

Avante – Do lugar de coordenadora dos GL das Américas como você definiria este grupo? E quais os próximos passos?

Maria Thereza – Fiquei muito feliz com o grupo: participativos, dinâmicos, perfis diversos e com muita vontade de fazer a diferença. Agora estão todos envolvidos com os projetos que tem que fazer como parte dos requisitos de ser um GL. Até o dia 18 de junho deverão apresentar suas propostas que após análise e apreciação deverão ser implementadas.

Para saber mais sobre o World Forum Foundation acesse aqui.

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