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Eles abrem mão de tudo por um negócio coletivo

Eles abrem mão de tudo por um negócio coletivoNem funcionalismo público, nem a criação de um micro empreendimento individual ou muito menos a progressão de carreira em uma multinacional: o que muitos almejam hoje em dia é a gestão coletiva solidária. A economia solidária é a “outra economia” que abriga esses profissionais dentro de uma lógica de cooperação, igualdade, autonomia e respeito ao meio ambiente. Para muitos, sair da lógica de um trabalho pautado nos princípios da competitividade exacerbada e busca do maior lucro é um caminho libertador e que altera o modo de viver em sociedade.

Definida como alternativa ao capitalismo, a economia solidária cada vez ganha mais espaço. Segundo dados da Secretaria Nacional de Economia Solidária, em 2005 o setor abrigava 1 milhão e 200 mil trabalhadores, número que se multiplicou, visto o crescimento dos empreendimentos solidários. Informações divulgadas pela mesma secretaria em 2012 mostram que o Brasil conta com 33.518 negócios do porte. Na Bahia foram identificados cerca de 1.700 empreendimentos distribuídos em todas as regiões do estado. A psicóloga Carolina Duarte explica que um dos fatores desse crescimento é o fato das pessoas se sentirem bem trabalhando sob o regime da economia solidária. “Um dos principais fatores motivacionais no ambiente de trabalho é o clima entre as pessoas. Isso se encontra acima, inclusive, dos ganhos financeiros que, passado algum tempo, não sustentam a motivação para permanecer no posto de trabalho. O cooperativismo, a solidariedade e respeito ao outro são valores fomentados e praticados na economia solidária e são um enorme diferencial nas relações de trabalho. O trabalhador se sente respeitado e acolhido e isso o motiva a permanecer nos empreendimentos e a trazer novas pessoas”, analisa.

Para Jandira dos Santos, que trabalha há 18 anos numa lógica competitiva, ingressar em um novo modelo de negócios trouxe experiências prazerosas. “Tenho um negócio na Feira de São Joaquim e faço parte da CooperFeira Novo Sabor, a cooperativa de alimentos da feira, e é lá que eu me sinto mais à vontade. Trabalhar no meu negócio é monótono. Mas na cooperativa o trabalho em equipe de forma igualitária me estimula”, comemora a feirante. A CooperFeira Novo Sabor tem como objetivo reaproveitar os alimentos descartados na Feira de São Joaquim para a produção e comercialização de novos produtos alimentícios. Com lançamento agendado para 2 de abril, a CooperFeira foi fomentada por meio do projeto É Dia de Feira Solidária, executado pela Avante – Educação e Mobilização Social, na Linha de Formação para o Trabalho, com recursos da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esportes de Salvador (SETRE).
A grande diferença dos negócios solidários para as grandes empresas é que, enquanto estas pressionam por lucros rápidos, aqueles têm outros indicadores de sucesso, mais próximos da ideia de que desenvolvimento não significa maiores lucros, mas maior bem-estar, inclusive na relação com o meio ambiente. “A economia solidária me possibilitou sair de um regime capitalista e exploratório de um trabalho em uma loja de departamentos onde eu exercia várias funções e não era valorizada. Foi dentro da lógica da economia solidária que passei a ter um trabalho digno, valorizado, com possibilidades de crescimento e com oportunidade de transformar realidades em minha comunidade”, conta Kátia Santos, militante da economia solidária e ex-integrante da cooperativa de alimentos Coopaed.

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