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Crianças da Baixa do Tubo celebram arte e ancestralidade indígena

“Eu nunca fui em uma aldeia, mas pretendo ir quando eu ficar maior, para conhecer mais sobre a religião, sobre esse povo, ter mais intimidade com eles, porque eu me senti uma indígena, tirei várias fotos, me senti literalmente um povo, tipo como eles, entendeu?”, compartilhou Claudiane (14), empolgada com os resultados da sua experiência na oficina de pintura facial inspirada em grafismos indígenas.

A ação fez parte de um dos encontros brincantes promovidos pelo projeto Foco nas Infâncias: defesa de direitos na Baixa do Tubo do Coqueirinho que, para além do caráter lúdico, tem buscado apresentar e conectar a criançada a temáticas plurais, a fim de despertar curiosidades e positivar o olhar sobre as diversidades. 

“Quando eu me propus a fazer pinturas faciais e corporais inspiradas em grafismos indígenas foi para que, por meio da ludicidade, as crianças pudessem conhecer um aspecto da diversidade das culturas indígenas”, afirmou Anna Cristina de Souza (Kuia), mobilizadora brincante no Projeto.

Anna Cristina, que também é professora, destaca a importância da oferta de atividades que rompam com perspectivas eurocêntricas, de modo que as crianças possam compreender e valorizar as raízes originárias e africanas que caracterizam o povo e o território brasileiro. “A gente quer um novo modelo de Educação, queremos que novas informações sejam disseminadas, então precisamos propor atividades que afirmem a diversidade cultural e rememorem a nossa história”, afirmou Kuia. 

A mobilizadora, em respeito à cultura e às lutas dos povos originários, fez questão de situar o seu lugar de pessoa não indígena e de apresentar o propósito maior da oficina, ao esclarecer: “eu não faço pintura indígena, o que me proponho a fazer são pinturas faciais com inspiração nos grafismos indígenas para, a partir daí, iniciar uma conversa com as crianças sobre as nossas raízes. É nesse sentido que essas pinturas acontecem”.

A ideia, segundo ela, é possibilitar que as crianças levantem questionamentos e, a partir deles, estabeleçam diálogos investigativos junto aos seus familiares, para descobrir sua ancestralidade e entender as razões da invisibilidade de determinados povos. Trata-se de uma proposta brincante de autoconhecimento e pertencimento, com intuito de despertar nelas o cuidado com a memória, a partir da própria genealogia. 

A atividade realizada na Praça do Sucuiú foi uma celebração à cultura indígena. As diferentes pinturas faciais e corporais permitiram às crianças se conectarem à arte e estética dos povos originários. Um contato importante para a desconstrução de estigmas e preconceitos, bem como uma possibilidade de estender esse exercício aos seus familiares e comunidade.

“Eu me senti bem aconchegada, achei bem legal. Eu gostei de me sentir uma indígena, de me sentir uma pessoa acolhida”, ressaltou Claudiane, que posou orgulhosa para as fotos.

Ao partilhar o seu desejo de visitar uma aldeia e de conhecer profundamente a cultura indígena, Claudiane nos ensina sobre a importância de contracolonizar os saberes, as experiências e as brincadeiras e de apresentar às crianças as diversidades que nos constituem como indivíduos e sociedade.O projeto Foco nas Infâncias é realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social, em parceria com a Kindernothilfe (KNH).

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