O antropólogo, escritor e Conselheiro Consultivo da Avante – Educação e Mobilização Social, Ordep José Trindade Serra, será o mais novo ocupante da cadeira de nº 27 da Academia de Letras da Bahia. A posse acontece no próximo dia 4 de setembro, às 20h, na sede da Academia (Av. Joana Angélica, 198 – Nazaré). Eleito no dia 22 de maio, em sessão ordinária, Ordep Serra foi escolhido para ocupar a cadeira de James Amado, falecido em dezembro de 2013.
“Ordep levará para a Academia o olhar de antropólogo, de estudioso e principalmente da nossa matriz africana”, observa Maria Thereza Marcilio, gestora institucional da Avante. Para Maria Thereza, este olhar é fundamental num estado que se distingue em diferentes áreas exatamente pela contribuição dada pelas diferentes etnias africanas que aqui vieram. No entanto, ela acredita que, apesar desta riqueza, somos uma sociedade impregnada pelo preconceito que nos impede de ver a desigualdade, a injustiça e a violência que afetam profundamente os seus descendentes.
“Para a Avante é uma honra ter entre os conselheiros consultivos, pessoas que tem o reconhecimento da sociedade em atividades afins à nossa missão. Contamos agora com quatro Conselheiros Acadêmicos, Ordep Serra, Paulo Costa Lima (o escritor, compositor e responsável pela implementação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Viva Cultura), Edivaldo Boaventura (o mestre PHD em educação) e Roberto Santos (o ex-governador da Bahia, ex-reitor da UFBA e presidente da Academia de Ciências da Bahia)”, finaliza Maria Thereza.
Atuação
Os conhecimentos de Ordep Serra foram de fundamental importância para o tombamento do terreiro Ilê Axé Oxumarê, mais conhecido com Casa Oxumarê. Foi por meio do laudo elaborado pelo antropólogo que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) reconheceu a Casa de Oxumarê como patrimônio histórico e cultural, em janeiro deste ano (2014).
Fundada entre o final do século 18 e inicio do século 19, a Casa de Oxumarê é considerada um dos mais antigos espaços de realização de cultos das religiões afro-brasileiras e possui grande reconhecimento social. A primeira solicitação de tombamento foi feita em 2002 pelo sacerdote Babalorixá Sivanilton, mais conhecido como Babé Pecê. Mas em 2006 o projeto foi arquivado por falta de documentação suficiente.
Foi quando Babé Pecê reuniu uma nova equipe e conseguiu organizar todos os documentos exigidos pelo IPHAN. Nesta etapa, o novo laudo, escrito pelo historiador, antropólogo e professor Ordep Serra, foi levado ao conhecimento do IPHAN, dando um novo desfecho à solicitação.
Produção acadêmica
Graduado em Letras pela Universidade de Brasília (UNB), Mestre e Doutor em Antropologia, o mais novo acadêmico atua como professor em programas de pós-graduação da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e é membro da Associação Brasileira de Antropologia e da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia.
Dentre as suas principais produções destacam-se pesquisas nas áreas de Antropologia da Religião, Antropologia das Sociedades Clássicas, Etnobotânica e Teoria Antropológica. Ordep Serra venceu o Prêmio Nacional Braskem/ Academia de Letras da Bahia por duas vezes. A primeira com o livro de Contos Sete Portas, em 2008, e a segunda com o Romance Africano – Ronda: Oratório Malungo, Ficções de Olufihan, em 2010.