Avante

Avante compõe programação de evento em homenagem a Emilia Ferreiro

Celebrar a memória e legado de Emilia Ferreiro é honrar o trabalho de uma mulher, pesquisadora, que não hesitou em investigar proposições para mitigar uma das marcas mais profundas dos processos colonizatórios na América Latina – o analfabetismo.

A vida e obra da psicóloga e pedagoga argentina subsidiou o evento virtual Semana Emilia Ferreiro, realizado pela Rede Latino-Americana de Alfabetização (REDALF), entre os dias 5 e 8 de maio, que reuniu educadores e instituições latino-americanas para refletir sobre as “Premissas que asseguram o direito à alfabetização PLENA”. 

A data foi escolhida em menção ao aniversário da pesquisadora e ao fortalecimento da REDALF, relançada nesta mesma data (05 de maio), há dois anos.

A Avante – Educação e Mobilização Social, cujas concepções sobre Alfabetização também encontram ressonância em Emília Ferreiro, contribuiu com as honrarias por meio da coordenação da mesa Alfabetização e Educação Infantil: Desafios e Possibilidades.

O debate foi mediado por Maria Thereza Marcilio, consultora associada fundadora da Avante, e contou com a participação de Alexsandro do Nascimento Santos (Diretor de Políticas e Diretrizes da Educação Integral Básica – MEC), Mônica Correia Baptista (Professora e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais) e Gilmária Ribeiro da Cunha (Professora da Educação Infantil). 

A mesa reuniu mais de 200 participantes, entre eles, professores, pesquisadores e estudantes de graduação, e a modalidade virtual do evento possibilitou aos inscritos participar e interagir de forma ativa e simultânea. 

O volume de mensagens recebidas e compiladas durante a programação ratificou a relevância das mesas, da REDALF e da obra de Emilia Ferreiro para os principiantes e também para os mais experientes no exercício do trabalho na área da Educação.

Uma avaliação geral, sobre a mesa coordenada pela Avante, enviada por uma concluinte da graduação em Pedagogia, sintetiza a pertinência das discussões desenvolvidas pelos debatedores convidados.

“Que encontro potente! A abertura do professor Alexsandro ao questionar as “perguntas erradas” sobre a Educação Infantil (EI) e Alfabetização e destacar a disputa entre as concepções democráticas e autoritárias sobre esse direito das crianças, foi brilhante. Dialogando perfeitamente com a professora Mônica, que mostrou a importância da imersão das crianças na cultura letrada e reforçando a alfabetização como um processo construído nas interações sociais e no contato com a linguagem. E, para fechar com ainda mais riqueza, a professora Gilmária nos presenteou com sua trajetória inspiradora e seus destaques incisivos sobre formação docente. Meu conhecimento sobre alfabetização ainda é mínimo, por isso, projetos como esse da REDALF nos oferecem reflexões alinhadas às necessidades reais das crianças”, compartilhou a graduanda. 

Uma professora da Educação Infantil, que atua com crianças de 4 a 5 anos de idade, destacou: “acho muito importante abordar o tema da leitura e escrita com crianças dessa faixa etária. Como foi dito, eles são capazes de aprender. E podemos proporcionar isso por meio da exploração e ludicidade, tão característicos da Educação Infantil. Considero essencial o tema abordado neste encontro!”

A temática proposta pela Avante para compor a Semana Emilia Ferreiro não poderia ser diferente. Desde a sua fundação, a organização está fundamentada numa concepção social e processual de Alfabetização, que respeita as múltiplas linguagens da criança e a autonomia dos educadores.

“Fiquei muito feliz em representar a Avante, sua missão, princípios e trabalho para a comunidade latino-americana comprometida com a aprendizagem de leitura e escrita”, compartilhou Maria Thereza Marcílio. 

A Avante, que integra e participa ativamente da REDALF, promoveu em 1999 um evento com importantes referências nacionais e internacionais para a Educação Infantil, entre eles, a argentina Emilia Ferreiro – cujas ideias seguem subsidiando reflexões e inspirando práticas, dentro e fora da instituição.

Memória 

As reverberações estruturais dos processos de independência incompleta dos países colonizados parecem ter mobilizado o objeto de pesquisa da pedagoga argentina. 

Ao compreender o analfabetismo como resultado de uma série de problemas sociais históricos, Emilia Ferreiro entendeu que algo precisava ser feito, que podia ser feito. E fez! 

Orientada por Piaget, a argentina defendeu uma tese que transformou as concepções conceituais e práticas acerca da Alfabetização. 

Seu pensamento começou a ganhar visibilidade a partir da pesquisa de doutoramento Relações temporais na linguagem da criança (1971) – em que defendeu, grosso modo, que os métodos não são os principais responsáveis pela alfabetização, mas que a (re)construção do conhecimento é uma atividade do próprio sujeito.

Embora não tenha passado ilesa a críticas e controvérsias, suas ideias chegaram ao Brasil na década de 1980 e a projetou como uma das precursoras do pensamento construtivista em nosso país, influenciando, inclusive, os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN, criados em 1997, e os Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil.

A Semana Emilia Ferreiro tem se constituído um relevante evento para a REDALF e para a afirmação do legado da pensadora argentina. 

“Eu não conhecia o trabalho de Emilia Ferreiro, nem a atuação da Rede Latino-Americana de Alfabetização, mas, a partir dos encontros desta semana, fiquei muito interessado pelo trabalho de ambos”, afirmou um participante.

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