As crianças também deram seu recado sobre o que querem para suas cidades e para educação. Diferentes instituições e indivíduos realizaram uma mobilização na internet para promover o Ato Brincante, um piquenique que teve o objetivo de integrar a garotada nas manifestações que se espalharam por todo país. O encontro aconteceu no dia 23 de junho em São Paulo, no Parque Mário Covas e terá uma nova edição no dia 30 de junho em Brasília, no Parque da Cidade. A Rede Nacional Primeira Infância (RNPI) integra essas ações, que visam escutar as crianças para que elas digam, à sua maneira, por meio da brincadeira e do lúdico, como veem o mundo e o que gostariam que fosse melhor. Em São Paulo, encontro reuniu cerca de 200 pessoas e teve na programação com contações de histórias, brincadeiras tradicionais, rodas de capoeira, saraus, cirandas e construção de brinquedos de papel.
Para RNPI, a atividade reavivou a prática iniciada com a construção do Plano Nacional pela Primeira Infância, na qual a escuta das crianças foi valorizada e promovida. Para Vital Didonet, membro da Secretaria Executiva da Rede: “nós, que atuamos em organizações voltadas aos direitos da criança temos que criar os espaços e viabilizar a expressão de suas vozes. Elas têm muito o que dizer, que ultrapassa nossa suposição quanto ao medo”. Diante da tensão que acomete o país e entidades, frente à violência policial, Didonet acredita que a prudência e a providência são fundamentais. “O medo existe e é necessário, sobretudo, quando colocamos crianças em situações potencialmente perigosas. Mas em vez do medo afastar as oportunidades que as crianças desejam e têm direito, ele nos recomenda tomar as medidas que afastem riscos”, acrescenta.
A experiência foi para as crianças uma bonita demonstração de cidadania, de manifestação da infância pela linguagem que melhor expressa sua inteligência, seus sentimentos e suas relações – que é o brincar.
