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Roda de Diálogos fecha o Mês das Crianças

O Mês da Criança foi encerrado com uma Roda de Diálogos que deixou todos os participantes inspirados para continuar a luta pelos direitos na primeira infância. Sociedade civil e governos estiveram presentes ao evento para debater o tema “Direito ao Brincar: Estratégias de Proteção, Educação e Saúde na Primeira Infância” através de diferentes perspectivas que apontam, todas, para a mesma direção – a necessidade de articulação de pessoas, movimentos e organizações da sociedade civil e do governo, de diferentes setores, em torno de fazer da cidade um espaço onde se brinca. “E isso foi vivido na prática durante todo o Roda Gigante, seja na Roda de Diálogos, quando os conhecimentos de cada um foram compartilhados com generosidade, seja nas Cirandas Infantis, quando as pessoas se juntaram em diferentes praças, para brincar com as crianças. Fiquei muito feliz com o todo o processo”, comentou a assessora técnica da Secretaria Executiva da Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), Ana Marcilio, ao final do encerramento do Roda, evento realizado na segunda, 29 de outubro, no auditório do Conselho de Cultura da Bahia, na Avenida Sete.
Candice Souza, da Secretaria de Saúde da Bahia (SESAB), ressaltou essa necessidade com uma frase, dita durante a sua palestra: “não é mais inventar a roda, mas de fazê-la girar”, disse. Ela foi ainda mais longe quando destacou que não se trata apenas de um esforço entre setores, mas também de um trabalho individual. “Temos que sair da nossa zona de conforto e ir em busca dos parceiros, num esforço de praticar a integralidade”, acrescentou.
O arte-educador José Carlos Rego, o Pinduka, demonstrou que essa atitude de buscar entrar em âmbitos diferentes para dialogar com quem se faz necessário para a garantia de direitos das crianças é também importante no brincar. Para ele, o adulto deve entrar em sintonia com a brincadeira e as cantigas podem ser um meio de alcançá-la. “Com as cantigas é possível harmonizar um grupo a partir da sintonia criada pela própria música, desta forma elas possibilitam que o grupo crie sua própria sintonia”, ensinou.
Para Priscila Lunardelli, da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul e Conselheira do CEDCA-RS, esta articulação em busca da integralidade de ações no cuidado à primeira infância se faz necessária, pois só ela pode vencer os limites impostos pelo estado, que, para ela, é “o maior violador de direitos das crianças”.
Nessa mesma perspectiva, Ana Marcilio ressaltou a consciência, que os participantes do movimento têm adquirido, de que já existe um arcabouço teórico estabelecido e muitas ações sendo realizadas. “Falta articular, falta nos unirmos para cobrar, pressionar, frequentar os espaços de controle para fazer o estado, em todos os seus níveis, compactuar para que o Estatuto da Criança e do Adolescente se torne realidade, fazendo valer os direitos de todas as crianças, inclusive o direito ao brincar”, concluiu.
Diálogos
O evento foi divido em dois turnos, um pela manhã e outro pela tarde e foi aberto por Maria Thereza Marcilio, Coordenadora da Secretaria Executiva da RNPI e gestora institucional da Avante – Educação e Mobilização Social. Maria Thereza falou sobre a Rede e deixou e a importância de se articular redes estaduais e construir planos municipais para que os direitos propostos no Plano Nacional possam chegar efetivamente às crianças, já que quem executa a politica da primeira infância é o município. Daniela Gomes, da Transludus, falou sobre o direito de brincar, lembrando que o adulto deve buscar reencontrar a infância esquecida nele para poder conectar-se com as crianças. Lela Queiroz, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ressaltou a necessidade da liberdade corporal da criança para a sua formação, o que deve ser trabalhado mesmo durante a gestação. O formato do evento permitiu um bom espaço de conversa entre os participantes, já que as apresentações foram seguidas de diálogos, cantigas e brincadeiras.
No período da tarde, Candice Souza, da SESAB, falou sobre violência e saúde e mostrou o que o estado da Bahia vem fazendo em termos de atendimento à primeira infância. Rose Bonfim, representante do Fórum Baiano de Educação Infantil (FBEI) e da associação de creches e pré-escolas – Acredite, discorreu sobre a carência de espaços apropriados – tanto da cidade, passando pelas escolas e chegando às residências -, para a formação de uma infância saudável em nossa sociedade. Priscila Lunardelli, da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, apresentou o Primeira Infância Melhor (PIM), uma política pública em andamento em seu estado. O programa de visitação e acompanhamento para a primeira infância foi inspirado no “Educa tu Hijo”, um programa similar posto em prática pelo governo cubano e que influenciou na criação do PIM e de outros programas como: Mãe Coruja Pernambucana, Mãe Paranaense e Trevo de Quatro Folhas.
Por: Carlos Vianna Junior

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