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#20anosAvante na abordagem de Grupos Operativos de Pichon Riviere

Já em sua fundação, as idealizadoras da Avante – Educação e Mobilização Social, juntamente com outras integrantes do processo de construção da instituição, entraram em contato com a abordagem de Grupos Operativos, desenvolvida pelo psiquiatra e psicanalista suíço, Pichon Riviere.

Encantadas com a proposta, o grupo, formado por, entre outros, Maria Thereza Marcilio, Ana Luiza Buratto e Maria Célia Falcão, passou por um processo formativo e foram certificadas pelo Núcleo de Psicologia Social da Bahia, que tem como uma de suas integrantes Margarida Almeida, mais conhecida como Guida. “Eu conheci a Avante em um momento em que investigávamos sobre possibilidades outras do trabalho com a psicologia social. E nos aproximamos pela simpatia com os referenciais dos mestres Paulo Freire e Pichon Riviere”, lembra Guida, em depoimento pela celebração do #20anosAvante.


A abordagem orientou as ações institucionais, integrando o cotidiano da Avante, ajudando a formar os princípios e estratégias, em especial nas iniciativas voltadas à de formação de educadores. Mas foi no Consórcio Social da Juventude (CSJ) e no Balcão da Juventude (executado dentro das ações do CSJ), que a abordagem foi formalizada. Na ocasião, a Avante buscava caminhos para levar a psicologia para as classes populares, desmitificando o tratamento psicológico como algo da elite. O trabalho em grupo trouxe uma solução tanto pela viabilização da concretização do desejo da instituição, como pelo reconhecimento da influência do grupo familiar nos pacientes.


Depois de atuar como formadora do time que deu início à Avante foi no Consórcio que Guida voltou a cruzar caminhos com a instituição. No período de execução da iniciativa (2004 e 2007), ela atuava na Organização de Auxílio Fraterno (OAF), que integrou a rede de 54 ONG que formou o CSJ, e foi coordenada pela Avante em Salvador e Região Metropolitana.


Três anos após essa experiência, ela estava, mais uma vez, lado a lado com a instituição na execução do projeto Convivência e Segurança (2010/2012), que atuou tomando como base a proposta do Balcão da Juventude na execução da iniciativa. Guida integrava a equipe da Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (SEDUR) que, juntamente com a CONDER, foi parceira no projeto, no oferecimento de assistência técnica para realização de atividades que estimulassem a convivência familiar e comunitária entre os indivíduos residentes no Cobre, Pau da Lima e Ribeira, em Salvador; e Mangabeira, no Município de Feira de Santana.


A formadora do time que fundou a Avante na abordagem, que ainda hoje colabora com a definição das estratégias utilizadas nas ações que desenvolve, dá ênfase à militância da instituição em favor da Educação. “A Avante tem uma militância efetiva em favor da Educação. Da Educação de qualidade para todos, entendendo a necessidade de estarmos todos voltados para esse segmento, investindo em pesquisa, agregando forças, com ações articuladas – pensando e agindo em favor do educar para vida (aprender a ser/ a fazer/a conviver e a aprender)”, disse.


Para ela, a Avante gera impactos sociais concretos por meio de sua atuação como “formadora; de transformação social, com influência significativa na elaboração de políticas públicas em favor da Educação Infantil e de jovens”.


Grupos Operativos de Pichon Riviere


A técnica dos grupos operativos começou a ser sistematizada por Pichon-Rivière, médico psiquiatra, a partir de uma experiência no hospital de Las Mercedes, em Buenos Aires, por ocasião de uma greve de enfermeiras. A greve inviabilizaria o atendimento aos pacientes portadores de doenças mentais, no que diz respeito à medicação e aos cuidados de uma maneira geral.


Diante da falta do pessoal de enfermagem, Pichon-Rivière propõe a formação de grupos para dar continuidade ao tratamento. Nesse caso específico, sua proposta consistia em: os pacientes “menos comprometidos” oferecer assistência para com os “mais comprometidos”. “A experiência foi produtiva para ambos os pacientes, os cuidadores e os cuidados, na medida em que houve uma maior identificação entre eles e pôde-se estabelecer uma parceria de trabalho, uma troca de posições e lugares, trazendo como resultado uma melhor integração”, conforme consta na tese A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon, da Doutora em psicologia da educação pela Universidade de São Paulo, Alice Beatriz B. Izique Bastos.


Como ela conta em sua tese, Pichon-Rivière começou a trabalhar com grupos na medida em que observava a influência do grupo familiar em seus pacientes. Sua prática psiquiátrica esteve subsidiada principalmente pela psicanálise e pela psicologia social, sendo ele o fundador tanto da Escola Psicanalítica Argentina (1940), como do Instituto Argentino de Estudos Sociais (1953).

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