Observar, escutar, refletir e aprender. Educadora narra impacto pessoal e profissional do Paralapracá

Ela já somava mais de 20 anos de atuação na Rede Municipal de Educação de Olinda (PE), e mais de uma década como gestora, quando recebeu um convite para integrar a gerência de Educação Infantil do município e se deparou com o programa Paralapracá. O novo desafio aguçou o olhar de educadora e tornou-se um aprendizado pessoal e profissional para a bióloga, por formação, e pós-graduada em gestão escolar, Simone Almeida.


A virada aconteceu em 2013, início do segundo ciclo do Paralapracá. Simone integrava a Rede Municipal há 21 anos, com uma larga experiência como gestora de uma escola municipal de Olinda, além de trabalhar como vice gestora escolar na Rede Municipal de Paulista (PE). “Eu achava que sabia tudo. Estava nas duas Redes, na área de gestão. Dominava a parte administrativa, de documentação, ofícios, lidar com as pessoas, a família, com os funcionários, buscar melhorias para a escola, prestação de contas. Então, veio um convite para ir para gerência de Educação Infantil. Não sabia muito o que ia fazer, mas como era uma possibilidade de ver coisas novas, de aprender, eu aceitei. Quando cheguei, ouvia muito as palavras: ‘sujeito de direito, concepções de Educação Infantil’… Não sabia nem para onde ia. A escola que eu trabalhava tinha Educação Infantil, mas eu via mais pela ótica da gestão administrativa. Até que me aparece um tal de Paralapracá”, lembra.


Com a chegada do Programa na Rede, a gerente passou a compor, também, a equipe de formação do Paralapracá, no município, e desenvolveu uma trajetória que deixou marcas. Hoje, integrante da secretaria de Paulista, ela foi convidada a participar do Seminário do Paralapracá, que aconteceu em março, em Salvador, para compartilhar a sua história com as equipes das secretarias de educação de Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).


Na ocasião, a educadora lembrou, emocionada, da primeira formação do programa Paralapracá que participou: “Vim com muito medo, desesperada, porque não tinha a menor noção do que encontraria e o que iria acontecer, o que iria fazer. A única coisa que me restava era ouvir e anotar. Fui para falar pouco, ouvir muito, olhar e agir. Buscar caminhos para tentar fazer com que o Programa se desenvolvesse na Rede. Fui me constituindo como formadora, conhecedora do assunto, pesquisando, aprendendo”.


Para ela, o programa Paralapracá foi um divisor de águas. Por meio das ações de acompanhamento às instituições propostas pelo Programa, ela se aproximou das equipes das instituições e passou a escutar as crianças. “A experiência aguçou o meu olhar no sentido de ver as pessoas, as professoras, o que estavam fazendo, desenvolvendo, quais as necessidades, as demandas, as preocupações. E as crianças… eu não tinha esse olhar de chegar junto de uma criança, conversar, ouvir, brincar, trocar ideias, e isso me foi muito valoroso, aprender a ouvir a criança”, revela.


Como boa pernambucana, Simone compara sua experiência na Educação Infantil, sob a batuta do Paralapracá, com os desafios do frevo – ritmo nordestino que comanda as festas de carnaval no estado –, e diz que, ao longo dessa trajetória, não faltaram saltos importantes, e que, como na dança, em alguns momentos foi necessário fazer um break (parada), reavaliar direcionamentos, reorganizar o espaço, diminuir o ritmo para “respirar e recomeçar”. “O frevo é uma dança muito dinâmica, com uma variação imensa de passos. Para você iniciar, primeiro precisa observar as pessoas fazendo. Assim foi a minha trajetória na Educação Infantil, em Olinda. Observei o que estava sendo feito, para começar a ensaiar os primeiro passos”, compara.


“Com o passar do tempo me peguei fazendo leitura de livros de literatura infantil, contação de história, olhando para o próximo na perspectiva de compartilhar conhecimentos, fazendo formação, planejando. Não há alegria maior do que a gente passar por todo esse processo e partilhar o crescimento pessoal e profissional com outras pessoas. Isso foi mágico. Eu cresci e fui aprendendo com todas elas”, recorda. Como principal conquista, no contexto do Paralapracá, ela acentua a visibilidade que o Programa deu à Educação Infantil do município de Olinda (PE), além de fortalecer ações para a expansão da Rede.


O PROGRAMA


O programa Paralapracá é uma frente de formação de profissionais da Educação Infantil realizado pela Avante – Educação e Mobilização Social, com apoio do Instituto C&A. Nosso trabalho se desenvolve a partir da formação continuada de formadores, com o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade do atendimento às crianças na Educação Infantil, com vistas ao seu desenvolvimento integral. Fazemos isso em parceria com as secretarias municipais de Educação, valorizando, ampliando e fortalecendo os saberes de cada localidade aonde vamos.


O Paralapracá foi lançado em 2010, como um projeto do Programa Educação Infantil do Instituto C&A, originalmente focado na região Nordeste. Desde então, chegou a dez municípios, em dois ciclos de implementação. Em 2015, com a chancela do Guia de Tecnologias Educacionais do MEC, ganhou caráter nacional.

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