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Vozes Cidade suscita debate sobre participação cidadã dos adolescentes no Subúrbio

“Os jovens precisam estudar política, saber o que está acontecendo na sociedade e expor seu conhecimento, seu pensamento, o que quer para si, para a sociedade e para os seus amigos adolescentes”. O depoimento do escoteiro, Patrício Nascimento dos Santos, 18 anos, foi parte do debate sobre a participação cidadã dos adolescentes suscitado pela reunião para apresentação do projeto Vozes da Cidade: crianças e adolescentes participando da construção de Salvador, realizada no dia 13 de maio, na sede da Prefeitura-bairro da região Subúrbio/Ilhas, localizada em Paripe.

Depois de ouvir o posicionamento de vários dos presentes sobre a necessidade de uma educação voltada para a formação cidadã, o escoteiro, Patrício Nascimento, contou que dentro do escotismo sempre foi escutado e questionado sobre sua participação no mundo e isso impactou na sua formação como pessoa e cidadão. No entanto, “fora do escotismo isso não acontece. Por isso achei legal o projeto Vozes da Cidade, pois sei que participar da vida e dos processos de onde se vive faz a criança e o adolescente crescerem”.

Carlos Bimbau, coordenador do Projeto Semente Ambiental, no Parque de São Bartolomeu, que trabalha com adolescentes, disse que esse público está desacreditado de sua participação política e que o Vozes da Cidade pode abrir-lhes os olhos para a necessidade de mudar essa visão.  “Existe realmente uma dificuldade, pela falta de iniciativas que instiguem os adolescentes a se envolverem com os problemas de sua comunidade e da cidade como um todo. Outros projetos já me relataram isso. O Vozes da Cidade pode empolgá-los a participar mais”, disse.

Para Altino Arantes, representante da colônia de pescadores de Paripe, “no Brasil foi proibido a proliferação do saber que forma cidadãos”. Para justificar sua afirmação, ele lembrou que matérias de formação cidadã não existem nas grades curriculares das escolas. O Vozes da Cidade traz essa formação para alguns e a possibilidade de participação política. É uma esperança viva para todos nós”, acrescentou.
Emídio Carlos Cabral, representante da Associação Beneficente Mirante de Piripiri, apontou a não existência de ações sérias que busque praticar o respeito da “cidadania de cada cidadão”, substituindo a lacuna deixada pelas escolas. Por acreditar que o ensino da cidadania se inicia na família, na comunidade, ele ressaltou a importância do Vozes da Cidade. “Uma vez que tem como público alvo as crianças e os adolescentes dentro das suas comunidades, vejo como algo de valor. É necessário fazer-lhes conscientes de seus direitos, mas também de seus deveres com o próximo.”

Durante a apresentação do projeto, que levou os presentes a se expressar calorosamente sobre a questão da participação cidadã dos adolescentes, o coordenador de área do projeto, Frank Ribeiro, lembrou que este tema é apenas um dos três eixos centrais do Vozes da Cidade. Sendo os outros dois: a participação social nas políticas públicas nos territórios intraurbanos e o monitoramento da redução das desigualdades.

A reunião de apresentação do projeto em Paripe deu continuidade à etapa de mobilização, que segue concomitante com o mapeamento e escuta de coletivos de adolescentes. Participaram, a convite do Subprefeito da região Subúrbio/Ilhas , Sóstenes Macedo, conselheiros e líderes comunitários, além de grupos organizados como associação de pescadores e o grupo de escoteiros Santa Cruz.

Prefeitura-bairro

Impedido de comparecer à reunião de apresentação do Vozes desde o início, devido a demandas consequentes das chuvas que caíam na cidade, o subprefeito, Sóstenes Macedo, apareceu ao final para empolgar ainda mais as lideranças presentes. “É uma oportunidade dos conselheiros e líderes participarem de um projeto que tem a chancela de uma instituição internacional importante como o UNICEF. Um projeto que a Prefeitura abraçou e que, como vocês viram, vai trazer muitos benefícios para a nossa cidade, principalmente para a nossa juventude.”

Fernandes Gomes, coordenador de atendimento comunitário da Prefeitura-bairro, que representou o subprefeito Sóstenes Macedo, durante a reunião, também elogiou o projeto. “É uma oportunidade rara que temos de estar inseridos em algo que inclui nossas crianças e adolescentes. Eles vão poder sugerir ações e construir políticas públicas participando dos fóruns que teremos ao final. Com isso, fica a esperança de que nossas crianças e adolescentes tenham melhores dias no futuro.”

O presidente do Conselho Comunitário do Subúrbio e Ilhas, Bruno Alencar, afirmou que a partir dessa apresentação a Prefeitura-bairro vai intensificar seu apoio ao projeto. “Vamos nos reunir com mais frequência para cobrar dos conselheiros que passem a indicar os grupos de crianças e adolescentes que eles conhecem em suas comunidades para que a gente possa enriquecer ainda mais a participação do subúrbio e Ilhas.”

O Vozes da Cidade é um projeto inscrito na iniciativa do UNICEF Plataforma dos Centros Urbanos (PCU), que está acontecendo em mais sete capitais do país. Tendo a Avante-Educação e Mobilização Social como parceira técnica local, o projeto é uma realização conjunta da Prefeitura Municipal de Salvador, do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e do UNICEF.

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