Marco temporal em disputa, povos originários ameaçados, racismo ambiental, acentuação das crises climáticas. Como comunidades, escolas e estudantes têm colaborado para a afirmação cultural e sustentabilidade de seus territórios? Onde estão as iniciativas que precisam ser visibilizadas para inspirar outras instituições de ensino a impactarem suas localidades?
Reconhecer essas ações e experiências pedagógicas é o objetivo do 8º Prêmio Territórios Tomie Ohtake, que já premiou 70 projetos escolares nas edições anteriores. Em todas as edições, o prêmio tomou como base os pressupostos dos Territórios Educativos e da Educação Integral, orientados pelo princípio de Cidade Educadora e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O ponto alto da iniciativa é iluminar temáticas caras aos desafios contemporâneos, por meio do enfoque dado a projetos desenvolvidos em escolas públicas brasileiras de forma territorializada, cujos resultados extrapolam os muros da escola e contam com a participação dos sujeitos locais – escolares e comunitários.
Nesta edição, serão selecionados 10 (dez) projetos que integram escola, comunidade e culturas locais. As ações devem potencializar a aprendizagem e a valorização das diversas manifestações culturais pertencentes ao território e desenvolver possibilidades de construção do Território Educativo, fortalecendo parcerias e iniciativas que englobam a igualdade de direitos, as tecnologias digitais e ancestrais, o brincar, e demais temáticas relacionadas.
Reflorestar o imaginário educativo
“Os episódios de pandemia, crises e tragédias climáticas, vivenciadas nos últimos anos, colocam em questão qualquer desenvolvimento econômico construído sem o diálogo com a restauração e preservação ambiental”, argumenta Ivanna Castro, consultora associada da Avante – Educação e Mobilização Social.
O panorama apresentado por Ivanna demanda abordagens educativas (teóricas e práticas), que resultem no equilíbrio do ecossistema, do qual o ser humano faz parte. Para a consultora associada da Avante, ao fundamentar-se em iniciativas de promoção do currículo decolonial, o Prêmio “chama a atenção para os territórios construídos em rede e o reflorestar do imaginário na educação, tão importantes para reverter esse cenário de crise ‘sócio-climática’, tornando a escola o fio condutor dessa transformação”, tal qual a experiência do “Projeto Natureza Lúdica”, que recebeu menção honrosa em 2021, no 5º Prêmio Territórios.
Conheça a experiência Natureza Lúdica
Idealizado por Carla Gabriela Cruz, coordenadora pedagógica da Pré-escola Municipal Alda Marques – Feira de Santana (BA), o Projeto nasceu de uma inquietação da coordenadora que, provocada por um dos módulos formativos do Programa Paralapracá, consistiu em requalificar a área escolar para a organização de um ambiente que contribuísse para o desenvolvimento saudável e integral das crianças.
O Paralapracá é um dos principais programas de formação contínua de educadores da Avante e corrobora a concepção de Educação Infantil integrada ao território e comunidade, conforme as premissas do Prêmio.
De acordo com Ivanna Castro, as iniciativas premiadas nas edições anteriores revelam que a relação escola-comunidade-território está mais viva e potente do que se imagina e evidenciam que a transformação da educação tem acontecido no cotidiano, no fazer pedagógico das escolas com suas comunidades. A consultora associada vai além, ao afirmar que, “por meio de um diálogo voltado às questões locais, diversidade cultural e saberes das comunidades educativas – que cada vez mais se ampliam com a participação de outros agentes e protagonistas – todas essas práticas são potencialmente promotoras de qualidade na educação pública brasileira”.
Podem participar do 8º Prêmio Território escolas públicas municipais, estaduais e federais de todo Brasil, que contemple qualquer uma das etapas da Educação Básica – desde a Educação Infantil à Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Além do incentivo financeiro de R$ 8.500,00 (oito mil e quinhentos reais), para impulsionar as iniciativas, a premiação conta ainda com encontros formativos, doação de livros e uma bolsa de estudos para cursos de graduação.
Vamos ampliar as ações de reflorestamento do imaginário educativo brasileiro? O próximo projeto premiado pode ser o da sua escola. Não perca tempo!
As inscrições vão até 11 de Agosto e devem ser feitas exclusivamente pelo site do instituto Thomie Otake.
