Ano: 2013.
Local: Olinda (PE).
Um marco na Educação: o início da parceria entre o programa Paralapracá e a rede municipal.
Implementado pela Avante – Educação e Mobilização Social, com apoio do Instituto C&A, o Paralapracá chegou à Rede Municipal de Educação de Olinda propondo como princípio que “toda criança tenha o direito a uma escola equitativa, plural e acolhedora, um espaço no qual possa contar com a Educação e o cuidado apropriados à sua faixa etária e em que seja respeitada a sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento”. Para concretizá-lo, o Programa oferece como principal ação a formação continuada dos profissionais da Educação Infantil que atuam nas redes parceiras, como a de Olinda.
“É um imenso prazer brincar um pouco com as palavras e dizer o quanto sou mais depois do programa Paralapracá”, disse Heraldina Simões, professora e gestora da Escola Municipal São Bento. Heraldina integra um grupo de mais de 550 coordenadoras pedagógicas valorizadas no seu papel de formadoras que, atuando nas instituições de Educação Infantil, levaram os princípios do Paralapracá para a prática pedagógica cotidiana, impactando cerca de 2,5 mil professores e mais de 40 mil crianças, nos dez municípios nordestinos onde o Paralapracá foi implementado entre 2010 e 2017.
“No percurso de trabalho efetivo como professora, passei a facilitar as formações na minha instituição e, logo depois, recebi convite do Departamento de Educação Infantil para fazer parte do grupo de formadoras do Paralapracá em Olinda. Um trabalho que, na verdade, tem sido um ‘enrolar do corpo em linguagens’, como definiu Rubem Alves a respeito da Educação. De fato, me encontrei nessa concepção, nesse brincar, nesse jeito novo de aprender, a partir de uma nova janela – EaD [Educação a Distância]”, disse Heraldina, referindo-se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Paralapracá que passou a integrar a proposta formativa do Programa no segundo ciclo de implementação, conectando profissionais e municípios, complementando a formação presencial, na busca por uma melhor qualidade no atendimento às crianças.
No fluxo sinérgico entre a formação presencial e a distância, Heraldina se intitula uma professora encantada, trabalhando e experimentando cada experiência que aprendeu. “Trabalhei com afinco e dedicação cada passo, sem pressa, ouvindo e observando minhas crianças, realizando investimentos pessoais, emocionais, afetivos, cognitivos, pesquisas e intensas leituras, de modo que não havia pensamento para mais nada, além de realizar bem meu trabalho e transformar a paisagem afetiva delas”, afirmou a educadora.
Ela contou que, enquanto acessava os materiais e experiências disponibilizadas no AVA Paralapracá, sorria sozinha por ter a sensação de que tudo fora escrito para ela. “Me representa, estou amando cada página. Sinto-me contemplada com minha prática, minhas atitudes, meu trabalho, me problematizando inteiramente. E, como tudo na profissão é questão de muito trabalho e dedicação, me sinto confortável sendo formadora e desconfortável no sentido de estar refazendo todo meu percurso de aprendizagem. Algo por demais importante na vida profissional, por vezes esquecido pelo professor, que se acostuma com a rotina”.
Para o Paralapracá, a formação dos profissionais da Educação Infantil é um elemento fundamental para driblar os desafios da Educação brasileira na primeira infância e impactar na qualidade das aprendizagens da criança nos anos subsequentes. Em Olinda, a consolidação desses processos formativos, de forma sistemática, foi um dos principais resultados do Programa, conferindo visibilidade à Educação Infantil dentro do conjunto da Educação Básica. O Memorial da Educação Infantil, construído pela Equipe de Gestão do município, com apoio da Avante e do Instituto C&A, destaca a consolidação das concepções sobre infância e criança propostas pelo Programa, e a valorização do papel do coordenador pedagógico como formador, como elementos de qualificação da Educação Infantil. “Através das formações continuadas ocorridas ao longo desses últimos três anos, observamos que houve uma melhor compreensão das necessidades de um currículo em que as crianças fossem, de fato, protagonistas de suas aprendizagens, que estivessem no centro do planejamento curricular, que atendessem a um conjunto de práticas que se articulam a experiências e saberes, valorizando os patrimônios culturais, artísticos, científicos, ambientais e tecnológicos” (Memorial da Educação Infantil de Olinda, 2016).
Já o Relatório de Avaliação Externa elaborado pela – Move Social, em 2015, expressa a contribuição do Paralapracá para o fortalecimento também do papel e identidade da equipe de gestão da Educação Infantil. Heraldina foi uma dessas professoras/gestoras que beberam nessa fonte, que vivenciaram um momento da Rede em que os encontros e planejamento entre as coordenadoras pedagógicas e os grupos de professoras deram um salto de dois a cinco dias no ano, por escola, para uma frequência mensal, a partir das formações do programa Paralapracá.
“Creio que a rotina agora seja de mudança, de percepção do novo, do aqui e agora, nada de pensamentos mofados. O coordenador pedagógico finalmente segue para seu lugar de ajudar os professores na aprendizagem de seus alunos, favorecendo mudanças no chão da escola. Convivemos diariamente com nossas colegas, sofremos juntas e também sorrimos juntas. Então, nada melhor do que conversarmos sobre o que deu certo e o que não deu e o que vamos fazer para alcançar nossos objetivos”, afirmou Heraldina Simões.
O Programa
O Paralapracá foi implementado pela Avante – Educação e Mobilização Social em dez municípios da região Nordeste como parte do programa Educação Infantil do Instituto C&A, desde 2010, em dois ciclos de implementação.
Em 2015, com a chancela do Guia de Tecnologias Educacionais do MEC, ganhou caráter nacional. Atualmente, a Avante – Educação e Mobilização Social é a responsável pelo Programa, que está disponível a novos parceiros que buscam apoio estratégico para a melhoria da qualidade do atendimento na Educação Infantil, com vistas ao desenvolvimento integral das crianças na primeira infância. Para isso, oferece formação continuada para formadores das redes municipais de Educação, valorizando os saberes de cada localidade e ampliando as referências teórico-práticas a partir das orientações nacionais para o segmento, como as Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil (2009) e a Base Nacional Curricular Comum (2017).