Um esforço coletivo para trazer à tona o debate sobre o trabalho infantil e o trabalho adolescente desprotegido. Assim é a Campanha: É da nossa Conta, que foi lançada na última quinta-feira, 13 de junho de 2013, em Salvador. A Avante – Educação e Mobilização Social apoia a mobilização e contribuiu compartilhando sua experiência durante o Workshop de Capacitação sobre Trabalho Infantil e Prevenção do Trabalho, realizado no período de 14 a 16 de junho.
A cerimônia de lançamento aconteceu durante um evento que contou com a participação do Unicef – parceiro –, e do Programa Promenino, da Fundação Telefônica-Vivo, que idealiza e financia a campanha. Em seguida, jovens, membros de ONGs e diferentes instituições juntaram-se para debater o tema, compartilhar experiências e expor os desafios enfrentados. Entre os presentes, cerca de 100 agentes de ONGs e organizações que lidam diretamente com as crianças e adolescentes que trabalham na região do semiárido brasileiro.
A naturalização do trabalho infantil foi bastante discutida e apontada como um dos grandes obstáculos quando se fala do assunto. As experiências relatadas mostram que apesar de estar evidente, este muitas vezes não é percebido. “O maior desafio do Brasil, do Nordeste, da Bahia, é combater a naturalização, o achar normal. Hoje, estivemos em Feira de Santana e ainda encontramos pessoas da rede de proteção justificando o trabalho infantil”, disse Arielma Galvão, do Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção do Adolescente (FETIPA). “Quando a gente não enxerga estamos ajudando a mantê-lo”, afirmou a presidente da Fundação Telefônica, Françoise Trapenard, na sua fala de abertura.
Diante desse panorama, a conscientização e envolvimento da sociedade foram apontados como fundamental. “Temos que mostrar que parte dos problemas somos nós. Mas somos parte da solução também. O Brasil deve dizer basta. Isto não faz parte do país que eu quero”, instiga Françoise.
Os debatedores destacaram a importância da criação e fortalecimento de políticas públicas que atendam não só as crianças que trabalham, mas também as famílias em situação de vulnerabilidade. Para Gary Stahl, do Unicef, “governos precisam criar planos estaduais e municipais de erradicação do trabalho infantil, e isso só será efetuado com o ajuda do Ministério Público e da Justiça para garantir o cumprimento da lei”.
Contribuição – A Avante foi convidada a contribuir com sua experiência em desenvolver iniciativas de combate ao trabalho infantil e proteção ao trabalho adolescente. No dia 14 de junho, Ana Luiza Buratto, coordenadora do projeto Todos Juntos, dedicado a combater o trabalho infantil na Bacia do Paramirim, participou de uma reunião envolvendo a presidência e a equipe da Fundação Telefônica, o Unicef, o Ministério Público do Trabalho, o Instituto Aliança, o Plan Internacional do Brasil, a Visão Mundial, a Confederação dos Trabalhadores Rurais, o Instituto da Infância, o Movimento de Organização Comunitária, o Centro de Recursos Humanos da Universidade Federal da Bahia.
Na oportunidade, as entidades foram provocadas a destacar aspectos importantes para atuação no semiárido e pontos relevantes no combate ao trabalho infantil. As sugestões serão avaliadas e possivelmente agregadas a ação da Fundação Telefônica que atuará em um total de 100 municípios situados no semiárido brasileiro para erradicar o trabalho infantil e desenvolver mecanismos para controle e proteção do trabalho adolescente.