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Avante capacita 100 municípios para o enfrentamento ao Trabalho Infantil

Com a segunda jornada de capacitação de enfrentamento ao Trabalho Infantil (TI), o projeto da Fundação Telefônica em parceria com o UNICEF e Avante – Educação e Mobilização Social contou com a participação de 100 municípios, de cinco estados. As capacitações, realizadas ao longo do mês de abril repetiram a boa repercussão da primeira edição, ocorrida em novembro de 2014, comprovando que informações detalhadas, que levem a superar o viés cultural de naturalização do trabalho infantil, são uma necessidade, mesmo para aqueles que já enfrentam o problema em seus municípios. “Muita coisa víamos como algo normal. E isso nos impedia de sermos eficientes no combate ao Trabalho Infantil”, declarou a representante do Conselho Tutelar de Santanópolis (BA), Fernanda Melo de Souza.

A partir da formação, realizada exclusivamente por consultores associados da Avante, Fernanda Melo de Souza pôde reconhecer que a falta de informação tem sido o principal obstáculo para o enfrentamento do problema em sua cidade. “Até a falta de denúncias de casos denotam isso. Mas essa formação nos dá condição de desenvolver um trabalho mais efetivo”, disse. Santanópolis, que fica a cerca de 130 quilômetros de Salvador, registra 416 casos de TI, envolvendo crianças de 8 a 13 anos. “Os dados são de 2012, certamente é um número bem maior”, acrescenta.

Mesmo quem está na linha de frente do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), do Governo Federal, encontrou na capacitação uma fonte de conhecimento e um espaço para dirimir dúvidas. Foi o caso da técnica de referencia do PETI no município de Araci (BA), Ana Maria Barreto Nascimento. “A formação veio iluminar nossas mentes”, disse. Entre os esclarecimentos alcançados, ela destaca a definição de papeis de quem trabalha no PETI. “Existe uma dificuldade de dar prosseguimento aos casos, que acabam emperrados em meio a ofícios. Vou levar o que aprendi para tentar acabar com esses impedimentos”, explicou antes de elogiar a dinâmica e metodologia do encontro.

Para Maria Helena Santos, coordenadora do serviço de convivência e fortalecimento de vínculo, voltado ao enfrentamento ao TI na cidade alagoana de Taquarana, a formação lhe mostrou o “passo a passo” de soluções de problemas enfrentados pelo município. “Uma das maiores dificuldades é conscientizar as famílias devido a uma cultura que as fazem acreditar que as crianças têm que estar nas roças, ou nos comércios dos pais. Na formação aprendemos maneiras de alcançar a compreensão dessas famílias”, contou.

Informações

A assistente social do município de Frei Paulo, no estado de Sergipe, Lucineide Maciel, ressaltou a importância da capacitação ao afirmar que todos adquiriram informações valiosas para enfrentar o TI. Entre as mais importantes, ela destaca: a importância de mapear o município; identificar onde existem tipos de TI que o município, até então, não estava preparado para reconhecer; intensificar a mobilização; identificar os casos no Cadastro Único do Bolsa Família; intensificar o trabalho junto às famílias; tentar romper o mitos culturais que apontam, por exemplo, que criança que trabalha cresce responsável”, entre outras.

Lucineide Maciel, no entanto, aponta a informação mais importante construída em sua cabeça como resultado de todos os outros dados apreendidos durante a formação. “Lugar de criança é na escola, na comunidade, é brincando, tendo lazer ou até mesmo no ócio”, concluiu a assistente social.
Outra informação destacada pelos participantes foi resultado da troca de experiência entre eles. “Vimos que os problemas existentes no processo de enfrentamento nos municípios grandes, muitas vezes, são os mesmos dos municípios de pequeno porte”, relata a coordenadora de proteção social básica de Camaçari (BA), Josenete Oliveira.

Ela acrescenta que os debates entre os municípios levaram também à conclusão sobre a importância do trabalho articulado. “Temos que incluir todos os setores estratégicos na solução dos problemas, seja educação, saúde ou assistência social, afinal trata-se da construção de uma política pública de enfrentamento, e isso só pode ser concretizado em rede”, acrescentou.

Ampliação

Na primeira jornada de capacitação de enfrentamento ao Trabalho Infantil (TI), realizada no Hotel Sol Barra, em Salvador (2014), a Avante – Educação e Mobilização Social, capacitou agentes de cinco estados do Nordeste – Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Nesta edição (2015), além dos estados do Nordeste, a instituição capacitou também dois estados do sudeste. Participaram, no total, 100 municípios da Bahia, Sergipe, Alagoas, Espírito Santo e Minas Gerais.

“Compartilho da felicidade com os ótimos resultados alcançados e somo a isso a plena satisfação de contar com essa parceria madura, profissional e comprometida. Para nós aqui da Fundação também tem sido uma experiência incrível. Sem dúvida os créditos do sucesso são devidos ao profissionalismo e competência de cada uma na superação dos desafios”, declarou Eliane Schutt de Almeida, consultora de projetos sociais da Fundação Telefônica/Vivo, após a realização do evento.

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