Sétima visita do Comunidade de Aprendizagem comprova transformações em escolas de Fortaleza

As nove escolas da rede municipal de ensino de Fortaleza que acolheram o Comunidade de Aprendizagem demonstraram que estão dispostas a dar seguimento às transformações trazidas pelo projeto. Durante a sétima visita, realizada em dezembro, as facilitadoras da Avante-Educação e Mobilização Social, parceira técnica do Instituto Natura na iniciativa, receberam das escolas uma avaliação muito positiva. E mais que isso; viram que muitos dos sonhos de alunos, gestores, servidores e familiares já se realizaram. Em 2016 será implementada a fase de consolidação nessas escolas. De acordo com Ana Luiza Buratto, sócia fundadora da Avante e uma das facilitadoras do projeto, é quase certo que outras dez escolas de Fortaleza farão parte do Comunidade de Aprendizagem em 2016, dobrando o número de unidades atendidas na capital cearense.

Glaucia Borja, consultora associada da Avante e a outra facilitadora que atua em cinco escolas de Fortaleza ressaltou que todos esses resultados superaram as expectativas. “O ano foi iniciado tardiamente (começou em junho e terminou em dezembro). Foram apenas sete meses de trabalho. Mesmo assim colhemos depoimentos muito bons e tocantes. Todas as escolas cumpriram as fases de transformação previstas, o que requer um esforço grande, superando até a falta de recurso. Foi uma sensação muito boa ouvir que eles querem continuar com o projeto e que o número de escolas será aumentado”.

O princípio da aprendizagem dialógica, na qual o diálogo e a participação de toda comunidade escolar, incluindo lideranças e instituições do entorno da unidade de ensino, implementada pelo Comunidade de Aprendizagem, mobilizou a todos para a obtenção dos resultados. “Uma das escolas tinha instrumentos musicais guardados há cerca de quatro anos. Foram retirados das caixas e a banda marcial já está ensaiando. Os participantes foram escolhidos entre os alunos com frequência e participação mais ativa na escola e o maestro é um professor da escola que também é músico, tem uma banda e como voluntário”, relatou.

Ana Luiza Buratto conta ainda que bibliotecas fechadas foram reabertas, e nelas voluntários da comunidade ou alunos se revezam em turnos. Aulas de reforços para ajudar os meninos que têm dificuldades são ministradas por professores voluntários da comunidade ou ex-alunos. Questões de infraestrutura também já foram encaminhadas. Em uma das escolas, um toldo protege do sol os pais que esperam os alunos saírem da escola (ação sonhada pelos próprios pais). Outras unidades que não tinham porta no banheiro, agora têm. Quadras foram pintadas. Uma sala virou refeitório. Outra, uma sala de jogos.

Lanche diferenciado, um dos sonhos dos estudantes, também é realidade. Em uma das escolas, o dia do picolé acontece graças a doação de uma fábrica local. Quase todas as escolas relatam a melhoria na relação professor/aluno. “Os professores leram na árvore dos sonhos que os alunos queriam eles com mais paciência, conversando mais e que os procurassem durante o recreio, e eles passaram a fazer isso”, conta Ana Luiza Buratto.

Ela relata ainda que os meninos disseram terem se transformado com a escola e que estão realizando coisas que vão além de seus sonhos. “Voltamos encantados, mas conscientes que há ainda muito trabalho para ser feito em 2016, quando vamos consolidar as transformações.  Será um desafio, uma vez que muitos componentes das comissões mistas irão sair; alunos que terminam os estudos, professores que serão remanejados, etc. Serão as mesmas escolas, mas com pessoas novas. Mas pelo que vimos, pela maneira como eles abraçaram o projeto, temos certeza que estas questões serão pequenas frente ao ânimo de todos em avançar nas transformações e em sua consolidação sustentável” acrescenta.

Etapas

O projeto começa com adesão da escola. A partir daí a equipe técnica do Projeto sensibiliza a comunidade escolar e do entrono. Os pais, os líderes comunitários, famílias (mãe, pai, avó) são chamadas para conhecerem o projeto. Após a sensibilização dá-se inicio ao projeto dentro da escola, cuja primeira etapa do é denominada de Etapa de Transformação, que é iniciada com a escola sonhando. Alunos, gestores, professores, servidores, famílias e representantes da comunidade constroem a árvores dos sonhos, na qual descrevem a escola ideal que gostariam de ver transformar-se a escola que frequentam.

Nessa etapa, que durou, em Fortaleza, cinco meses, é constituída uma comissão mista gestora com representantes de todos os grupos citados acima. A comissão seleciona, entre os sonhos, aqueles que são prioritários. Haviam sonhos ligados à infraestrutura, à pedagogia, às relações na escola, entre outros aspectos que foram categorizados pela comissão mista. “Eles trabalharam bastante e estabeleceram um plano de ação detalhando as ações necessárias para realizar os sonhos selecionados” conta Glaucia Borja. Após a implementação das transformações, é iniciada a etapa de consolidação sustentável das mudanças.

Paralelo a isso, são aplicadas nas escolas, a partir de formações com professores e gestores, as atividades educativas de êxito, sendo a formação da comissão mista uma delas. Fazem parte também as tertúlias literárias e os grupos interativos, entre outros. São atividades que tiveram êxito mundo afora e que foram pesquisadas e sistematizadas, a pedido da Comunidade Europeia, pelo CREA, centro que integra a Universidade de Barcelona. Existem procedimentos bem descritos para a realização dessas atividades cujos objetivos são a melhoria da aprendizagem dos alunos e da convivência entre todos que fazem parte da comunidade escolar.

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