Um sorriso tímido, um olhar perdido no horizonte, um flagrante de uma moradora em uma das ruelas que cortam a comunidade, uma pose que nem a de uma popstar, mato, chuva, vento forte, poça d’água no chão batido de terra. Diferentes registros de uma mesma realidade. Foi preciso aceitar o desafio e desvelar nem sempre o que está à mostra à primeira vista. E eles/elas toparam. Ao total, dez crianças e adolescentes da Ocupação Quilombo do Paraíso, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, participaram da primeira Oficina Fotográfica – Explorando a Comunidade, realizada pelo projeto Estação Subúrbio – nos trilhos dos direitos (Avante e KNH). Durante três dias do mês de agosto, eles vivenciaram a experiência de fotografar e ser fotografado.
“Essa já era uma demanda deles. Toda vez que eu estava por lá, eles queriam fotografar. E o resultado da Oficina foi incrível. A fotografia, assim como a literatura ou um instrumento musical, acaba sendo uma voz. No momento em que eles passam a fotografar, eles passam a produzir uma imagem que eles sentem. E o resultado, em si, acabou dando conta do quanto foi magnífico esse processo”, contou o fotógrafo documental Ismael Silva, facilitador da experiência.
As aulas eram bem práticas, pautadas na combinação entre o exercício fotográfico algumas noções básicas sobre composição, enquadramento e luz foram apresentadas às crianças e adolescentes – que quiseram participar a experiência. Os registros foram feitos de forma coletiva e colaborativa. E o aprendizado extrapolou o manuseio da câmera. Durante a oficina, meninos e meninas aprenderam por meio das experiências em equipe, das brincadeiras, da expressão de opiniões, enfim, participando e construindo novas referências.
Estação Subúrbio
O Projeto Estação Subúrbio atua na Ocupação desde 2017 e tem como objetivo a redução da violência comunitária, sobretudo a que atinge Crianças e Adolescentes. Com respeito ao distanciamento físico, garantindo a utilização dos EPIs recomendados, o Projeto continua oferecendo serviços e ações para o fortalecimento das famílias e atendimento das necessidades psicossociais visando, em especial, uma Cultura de Paz.