Paralapracá: organização de ambiente transforma prática pedagógica de instituição potiguar

Um fogão enferrujado, uma geladeira velha, árvores, livros, espaços vazios. Misture tudo e pense no resultado. Conseguiu imaginar? Os ingredientes fazem parte da receita usada pela gestão pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Profa. Antônia Fernanda Jalles, em Natal (RN), para compor novos espaços de aprendizagem, como um jardim sensorial e uma praça literária, proporcionando experiências lúdicas e múltiplas aprendizagens para as crianças. A instituição integra o programa Paralapracá.
“Estávamos organizando os espaços externos, estudando com as professoras e tentando fazer com que elas abraçassem a ideia de trazer as crianças para esses espaços, dar vida a eles – o cajueiro e a pracinha. Mas existiam algumas resistências. Quando veio o Paralapracá, a gente mostrou o que o Programa estava propondo. Estudamos os materiais, fizemos oficinas, e aí as professoras perceberam que existia a necessidade da mudança, e se abriram para a organização e utilização desses espaços. Viram que as coisas deveriam ficar ao acesso das crianças, que todo o espaço da instituição deve ter vida, e as crianças devem usá-lo. E nós, temos o privilégio de ter um espaço muito bom, por sinal. Foi aí que surgiu a ideia do jardim sensorial, que fica no caminho para se chegar à praça literária. E deu tudo certo, graças a essa junção do nosso projeto com o Paralapracá”, disse a diretora Danielle Queiroz.
As mudanças foram atestadas pela coordenadora da linha de sustentabilidade da formação do Paralapracá, Fabíola Bastos, que, em visita à instituição, no mês de outubro, conheceu todo o trabalho. “A mudança é perceptível no processo de transformação do ambiente. A organização dos espaços externos, onde as crianças têm a liberdade, por exemplo, de explorar a árvore, fazer um percurso fora da escola, tendo percepções sensoriais, brincando nas poças d’água, sentindo o aroma das plantas, faz uma diferença”
Educação Infantil de qualidade
Um dos objetivos da visita de Fabíola Bastos à instituição foi participar da formação no eixo Assim se faz Música. A coordenadora da linha de sustentabilidade do Paralapracá diz ter ficado encantada com o uso integrado dos eixos propostos pelo Programa [brincar, artes visuais, música, literatura, exploração de mundo e organização de ambiente]. ”A gente explorou os espaços externos, teve uma contação de história musicada, a participação de uma artista cantando, estudo do material, foi muito envolvente, incrível”.
Segundo Jailma Azevedo, uma das 16 professoras que participaram da formação no eixo Assim se faz Música, o Paralapracá vem contribuindo muito para o fazer docente com as crianças. “Além da qualidade dos textos lidos, as atividades propostas na área externa – a busca do som, a partir do nosso corpo e de materiais do próprio ambiente, a vivência da história pelo espaço sensorial, o momento sob a sombra do algodoeiro na praça literária – proporcionaram experiências lúdicas e ricas em todos os aspectos. O que aprendo nas formações tem modificado a rotina para melhor, desde o faz de conta até a produção de brinquedos, e das próprias brincadeiras. A forma como vejo as crianças também mudou; agora, elas são a parte mais importante de todo processo educativo”, disse.
Organizada para pensar acerca da importância da música na Educação Infantil, a formação proporcionou reflexões sobre o fazer pedagógico e o ambiente como possibilitador desse fazer. “Os estudos, pesquisas, atividades, materiais adquiridos e as discussões provocadas subsidiam e fortalecem as nossas práticas, possibilitando uma Educação Infantil de qualidade e a aprendizagem das crianças de forma significativa. Percebemos em cada professora/or as mudanças nos planejamentos e/ou nas práticas com as crianças, compreendendo o papel da música na instituição, na mudança evidente nos ambientes, na construção de instrumentos, no trabalho de pesquisa musical, na ampliação do repertório musical, a música integrada às atividades da rotina”, explica Danielle Queiroz, responsável pela formação, juntamente com as coordenadoras pedagógicas Joraida Freitas e Cléa Alves.
O Paralapracá é uma frente do Programa Educação Infantil do Instituto C&A, realizado em parceria técnica com a Avante – Educação e Mobilização Social, em dois âmbitos de atuação: a formação continuada de profissionais de Educação Infantil e o acesso a materiais de uso pedagógico de qualidade, tanto para crianças quanto para professores. No primeiro ciclo (2010-2012), integraram-se ao programa os municípios de: Jaboatão dos Guararapes (PE), Caucaia (CE), Feira de Santana (BA), Teresina (PI) e Campina Grande (PB). Neste segundo ciclo, que corresponde ao período de 2013 a 2017, o Paralapracá atua nos municípios de: Camaçari (BA), Maceió (AL), Maracanaú (CE), Natal (RN) e Olinda (PE).

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