Lideranças globais pela primeira infância dialogam sobre pandemia do COVID-19

Quais aprendizagens e oportunidades foram possíveis para crianças pequenas e suas famílias neste período de pandemia? Esta pergunta norteou o Conversatório de Global Leaders for Young Children, que reuniu 12, das 16 lideranças pela primeira infância da América Latina, selecionadas em 2019, além de convidados – algo inédito -, totalizando mais de 50 participantes. Ao ser realizado em espanhol e português e ter possibilitado a ampliação das participações, o encontro, que foi facilitado por Maria Thereza Marcilio, presidente da Avante, Global Leader na edição de 2009 e hoje coordenadora dos grupos de Global Leaders (GL) da América Latina; juntamente com Carmen Hernáez, da Argentina, co-coordenadora do grupo, foi mais um passo na conquista de espaço para as lideranças desse continente junto às ações da World Forum Foundation, responsável pela iniciativa GL – um programa de identificação e fortalecimento de lideranças locais em prol da primeira infância em todo o mundo. “A forma como foi realizado o encontro e seus frutos podem trazer importantes contribuições, em especial para a América Latina, possibilitando a formação de uma rede continental”, disse Maria Thereza.

O diálogo foi riquíssimo e contou com uma multiplicidade de vozes, das mais diversas esferas sociais de cada país, tais como: Brasil, Colômbia, Argentina, México, Peru e Porto Rico, representados por suas lideranças e pelos convidados. Professores, cuidadores, enfermeiras, aqueles que trabalham com pessoas em situação de abrigo, representantes da Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), urbanistas, “uma coleção de gente interessante”, como veio a definir a presidente da Avante.

Entre os assuntos debatidos e compartilhados foi evidenciado, nesse período pandêmico, uma ampliação da escuta das crianças, pais e responsáveis; um maior envolvimento das famílias na educação de seus filhos, inclusive com maior participação da figura masculina. Mesmo com os índices de violência aumentados, houve relato de mais afeto nas relações familiares, uma maior preocupação com a preservação dos recursos naturais e a valorização dos profissionais que lidam com as crianças no dia a dia.

A visibilização dos bebês e seus cuidadores foi outro ponto destacado pelos participantes, além da importância do apoio da comunidade, em especial para dividir os cuidados com filhos de pais que precisam sair para trabalhar. Também emergiu a situação das mães encarceradas. Relatos mostram que, mesmo já sendo um direito adquirido no Brasil, – que gestantes e mães de bebês cumpram pena em prisão domiciliar -, isso vinha sendo ignorado pela justiça do País. Neste momento de pandemia, representantes do Rio Grande do Sul mostraram que muitas mulheres conseguiram ter este direito garantido naquele Estado.

E por que não falar da importância da tecnologia, que tem facilitado contatos e permitido maior acesso às informações, ainda que toda precaução seja necessária para se combater as fake news e o excesso de exposição das crianças? “Não é ignorar os desastres, a doença, as tragédias, as perdas, as mortes, os lutos, a irresponsabilidade de alguns governantes, a desigualdade que se acentuou terrivelmente, mas ter um olhar para o que isso nos mostrou também de potência, de força, de resiliência e de aprendizagem”, pontuou Maria Thereza.

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