Entrevista: em Natal se diz “nós vamos dar conta”

Presente na abertura da VIII Formação Paralapracá, realizada entre 8 e 12 de junho, em Natal, a secretária de Educação do município, Justina Iva de Araújo Silva, ou professora Justina, como é chamada por todos, concedeu uma entrevista ao site do projeto e falou sobre as novidades que o projeto têm proposto às unidades de educação infantil da rede municipal da capital potiguar e as conquistas e os desafios da educação infantil no município.

Segundo os dados do Censo Demográfico 2010, Natal tem uma população de 42.297 crianças entre 0 e 3 anos, das quais 12.300 frequentam creches. A população de 4 e 5 anos soma 21.175 crianças, entre as quais 18.718 frequentam a pré-escola.

Implantado inicialmente em 30 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs) de Natal, o projeto Paralapracá teve rápida expansão na rede pública de ensino e já serve de inspiração para as ações de formação de toda a rede para todas as unidades de educação infantil. “De pronto acatei a ideia do Paralapracá e me organizei para expandir o projeto”, afirma a secretária.

Professora Justina graduou-se em serviço social, é especialista em gestão pública e mestre em educação. Lecionou no curso de serviço social da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) durante 20 anos, foi presidente da Fundação Estadual da Criança e do Adolescente (Fundac), secretária municipal de Educação de Natal entre 2001 e 2008, presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime/RN) entre 2001 e 2006, e presidente da Undime Nacional de 2007 a 2009.

Site do projeto Paralapracá — Como está o cenário da educação infantil em Natal?

Justina — Estamos próximos da universalização da educação infantil na faixa de 4 e 5 anos. Em algumas regiões, chegamos a ter vagas disponíveis na educação infantil, embora em outras ainda faltem vagas. Mas não deixamos de atender à demanda por falta de equipamento na localidade: onde não temos Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) fazemos convênios, com recursos próprios, com escolas particulares de educação infantil. Temos hoje 72 CMEI e convênio com 17 instituições. E ainda temos salas de educação infantil em 13 escolas de ensino fundamental. São 102 unidades de educação infantil distribuídas na cidade de Natal, atendendo alunos que procuram a rede pública.

Em relação à população de menos 1 a 3 anos, ainda não conseguimos atender a toda demanda.

Trabalhamos com o critério do período de matrícula e ordem de chegada. Preenchidas aquelas vagas, os demais voltam sem matrícula, infelizmente. Hoje atendemos 27% da demanda dessa população, mas até o fim da vigência do plano [o Plano Nacional de Educação – PNE, que estabelece, em sua primeira meta que a educação infantil para crianças de 4 e 5 anos seja universalizada até 2016 e a oferta de educação infantil em creches seja ampliada de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de 0 a 3 anos até 2024], temos que ampliar e atender até 50%.

Paralapracá — Do seu ponto de vista, será viável cumprir essa meta do PNE?

Justina — Achamos viável isso acontecer pelo esforço que a prefeitura está fazendo. Nestes dois anos e meio de mandato já foram entregues pelo prefeito à cidade de Natal 12 CMEI — três construídos com recursos próprios e nove com recursos federais. Estão em construção dois outros e temos 21 para serem iniciados. Ao todo, estamos falando de 35 novas unidades de educação infantil. Isso acontecendo, nós vamos alcançar essa meta do PNE.

Paralapracá — O projeto Paralapracá tem contribuído com a educação infantil em Natal?

Justina — Com certeza. O Paralapracá contribui tanto na parte de formação, que tem sido fantástica, quanto foi fundamental para a melhoria das condições dos CMEI. Passamos a investir muito mais rapidamente nas condições físicas dos CMEI em função da presença do Paralapracá em Natal. Para expandir o projeto, que hoje está em 100% das unidades de educação infantil do município, precisamos, por um lado, nos organizar orçamentária e financeiramente, porque tivemos que deixar mais recursos para a aquisição do material, e passamos, por outro lado, a ter um olhar mais atento para a formação das coordenadoras pedagógicas — que nossa equipe técnica assumiu, dizendo “nós vamos dar conta”.

Paralapracá — A que se deve a rápida expansão da metodologia do projeto para toda a rede?

Justina — Deve-se a um compromisso muito grande da equipe, que sonhava com isso. E também se deve à ousadia da secretaria. De pronto acatei a ideia do Paralapracá e me organizei para expandir o projeto. Tínhamos 30 unidades de educação infantil atendidas pelo projeto. Faltavam 42. Agora estamos replicando a formação com os nossos técnicos, que participaram de todos os processos formativos do projeto.

Paralapracá — Qual a importância, no seu ponto de vista, de projetos que unem sociedade civil, iniciativa privada e governo na condução de políticas públicas?

Justina — É fundamental porque nós temos muitas deficiências. Há insuficiência de recursos, não só financeiros, mas humanos também. Toda e qualquer instituição é incompleta e ninguém dá conta sozinho de atender à demanda. Somente com as parcerias entre instituições privadas, públicas e sociedade civil organizada é que nós vamos dar respostas. Se não todas as respostas que são demandadas pela população, pelo menos atender melhor a essas demandas, com mais celeridade e com mais qualidade.

Fonte: site do Paralapracá 

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