“Como peixes na água”

A frase já está virando jargão em Maceió: a criança tem que se sentir como um peixe na água. Segundo Geisa Andrade, assessora do projeto Paralapracá na capital alagoana, as coordenadoras pedagógicas que participaram do minicurso Bem-estar na Educação Infantil, promovido pelo Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do Paralapracá, adotaram a metáfora e a levaram para as instituições em que atuam.

A expressão foi cunhada pelo teórico belga Ferre Laevers, pesquisador da questão do bem-estar na educação infantil. De acordo com Laevers, crianças em situação de bem-estar se sentem como peixes na água. “A sensação predominante em suas vidas é o prazer: elas se divertem, apreciam a companhia de outras crianças e se sentem bem em seu meio”, sinaliza o autor no texto Fundamentos da educação experiencial: bem-estar e envolvimento na educação infantil

O documento embasou os estudos do minicurso Bem-estar na Educação Infantil, voltado às educadoras que participam do AVA do Paralapracá. O curso foi realizado ao longo do mês de setembro e mediado por Geisa. “A discussão sobre o bem-estar e o acolhimento alinhava todos os eixos que o Paralapracá vem trabalhando. Não é algo a mais que estamos discutindo, mas uma junção de tudo o que o projeto aborda”, explica a assessora.

Segundo Geisa, diferentemente do conceito de qualidade na educação infantil, que é controverso e disputado por diferentes teorias, o conceito de bem-estar é unânime. “A criança tem que ter um estado de bem-estar, com carinho, afeto, acolhimento, liberdade, valores morais satisfeitos. Ela precisa expressar suas emoções e ter autoestima elevada em qualquer cultura”, nota a assessora, sinalizando que o profissional de creches e pré-escolas deve manter a observação atenta nessa direção.

“O profissional tem que saber perceber como aquela criança está se sentindo. Acredito que temos um caminho muito grande para percorrer, porque a percepção da escuta ainda não é considerada um procedimento importante. A criança fala com o corpo, a voz, o modo de brincar, o modo de andar, o modo de comer. Tem formas várias de expressar os sentimentos e as situações de estado de bem-estar”, afirma.

De acordo com Lilian Galvão, coordenadora do AVA do projeto Paralapracá, o tema do minicurso foi escolhido por ser ainda pouco estudado nas instituições de educação infantil. “Bem-estar e envolvimento são temas importantes e pouco discutidos no âmbito das instituições de educação infantil. É de responsabilidade de quem trabalha com educação infantil promover situações de bem-estar por meio de ações e práticas pedagógicas que estimulem a autoconfiança, a autoestima e a assertividade”, analisa a coordenadora. “Quando focalizamos o Paralapracá, em nossa área de atuação, percebemos que uma parte de nossas crianças vive situações de vulnerabilidade social. Como sabemos, ações focadas em bem-estar e envolvimento ajudam na promoção de resiliência, entre outras potencialidades emocionais, cognitivas e relacionais na criança”, completa.

Para abordar a questão do bem-estar, o minicurso teve quatro momentos: o fórum de discussões, a leitura do texto de Ferre Laevers, um bate-papo a partir deste estudo e, por fim, a postagem de uma atividade orientada, que representasse situações de bem-estar promovidas nas instituições de educação infantil (veja abaixo algumas das postagens). “Pensamos com a equipe Entremeios [responsável pelo desenvolvimento da plataforma on-line] que seria necessário experimentar outras formas de interação e aprendizagem dentro do AVA. Com um minicurso, com passos delineados e um chat no processo, teríamos uma conversa mais profunda que nos levaria a um jeito novo de aprender. Geisa Andrade entrou na roda e fechou o desenho, que foi muito bem executado”, comemora Lilian.

Bem-estar na Educação Infantil foi o primeiro minicurso realizado no AVA do projeto Paralapracá. As inscrições para a formação se deram via plataforma, em um movimento que será repetido em outras atividades e campanhas promovidas no ambiente virtual.

Na avaliação de Geisa, a organização do minicurso representou um grande passo dentro do AVA. “O estudo e os encontros provocaram uma boa reflexão na rede”, diz. Lilian, por sua vez, destaca que a experiência indicou que o AVA deve lançar outros cursos com temas transversais, que ofereçam diálogos atuais e novas aprendizagens.

Veja abaixo algumas das experiências compartilhadas por quem realizou a atividade orientada do minicurso. Por si só, elas já revelam como o bem-estar é uma questão que integra todos os eixos do projeto Paralapracá.

Eixos: Paisagem Cultural, Assim se Faz Artes Visuais, Assim se Faz Música – 
Postagem de Maria do Carmo Silva, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Isaac Pereira da Silva, de Olinda (PE)

Foi uma maravilha conhecer o oleiro artesão Mestre Nado, artista de Olinda, que com argila cria, inventa, e nos encantou com seus instrumentos musicais. Depois dessa tarde tão gostosa, foi a vez de nossos pequenos criarem com argila usando a sensibilidade e a imaginação, tocando, sentindo a argila, mergulhados no seu próprio processo criativo.

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Eixo Assim se Explora o Mundo – 

Postagem de Claudia Couto, coordenadora pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Elza Lyra, de Maceió (AL)

“Bem-estar é estar bem em qualquer lugar, é fazer o que se gosta… A criança sente curiosidade e interesse por tudo que está em sua volta. Devemos então criar situações que despertem seu interesse. O Projeto Horta Suspensa, no CMEI, causou bastante interesse nas crianças envolvidas no projeto.”

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Eixo Assim Se Organiza o Ambiente – 

Postagem de Iany Bessa, assessora do projeto Paralapracá em Maracanaú (CE)
“Sobre o bem-estar das crianças na escola, observamos nas escolas de Maracanaú o bem-estar das crianças com a chegada dos parquinhos de pneus.”
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Eixo Assim se Brinca –

Postagem de Sinéia Wanderley, coordenadora pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Maria Liege Tavares de Albuquerque, de Maceió (AL)
“Falar em bem-estar é falar em sentir-se bem, sentir-se à vontade, se divertindo e apreciando a companhia de outras crianças em seu meio. Sentem-se espontâneas, confortáveis e engajadas na atividade a qual escolheram para desenvolver.”

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Eixo Assim se faz Literatura –

Postagem de Ana Dourado, assessora do projeto Paralapracá em Olinda (PE)
“Cultivar momentos de transmissão amorosa da palavra por meio do relato literário pode ser uma estratégia para manter esse vínculo afetivo tão fundamental para a educação infantil e, assim, contribuir para o bem-estar da criança.”

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